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quarta-feira, 21 de setembro de 2016
Paul Ekman e Dalai Lama criam Atlas das emoções
Paul Ekman e Dalai Lama criam Atlas das emoções
Projeto encomendado pelo líder budista ao psicólogo americano propõe mapa para ajudar a entender sentimentos
O usuário escolhe qual emoção explorar e encontra um gráfico sobre seus espectros – no caso do medo, por exemplo, ansiedade, pânico, desespero, entre outros – e os estados mentais associados
Raiva, nojo, alegria, medo e tristeza. Essas são as cinco emoções básicas, presentes em todo ser humano independentemente da cultura, de acordo com o psicólogo Paul Ekman, que estudou expressões faciais de milhares de pessoas de diversos países durante os 40 anos em que foi professor da Universidade da Califórnia. De perspectiva evolucionista, Ekman define as emoções como reações psicofisiológicas não conscientes, desencadeadas por fatores ambientais que, ao longo da evolução ou da nossa história de vida, aprendemos a interpretar como uma ameaça ou não para nosso bem-estar. Por exemplo, medo é base de outros processos muito mais complexos e que envolvem todo o organismo, como o estresse e a ansiedade.
Popularizada com a publicação do livro A linguagem das emoções (Leya), a teoria de Ekman inspirou recentemente a animação Divertida mente, da Pixar, sobre emoções que vivem no cérebro de uma garotinha, e chegou a chamar atenção do Dalai Lama, que se tornou amigo do psicólogo, a ponto de encomendar pessoalmente um projeto – o Atlas das emoções, uma espécie de mapa das emoções básicas, esclarecendo as situações que costumam desencadeá-las e os comportamentos motivados por elas. Um aspecto muito interessante do mapa é que Ekman distingue gatilhos universais e culturais das emoções e detalha como elas alteram o humor em cada situação.
O psicólogo contratou uma empresa de design para trabalhar a linguagem visual do mapa e deixá-lo didático e intuitivo. O usuário escolhe qual emoção explorar e encontra um gráfico sobre seus espectros – no caso do medo, por exemplo, ansiedade, pânico, desespero, entre outros – e os estados mentais associados. O item calm, dentro de cada domínio, sugere maneiras de racionalizar e lidar com essas emoções – a conscientização, na definição do Dalai Lama. Acesse em www.paulekman.com/atlas-of-emotions.
Felizes descobertas
Felizes descobertas
Para a psicologia, a sorte está mais associada à maneira como vivemos as experiências do que aos fenômenos em si
O que você pensa quando diz ou ouve votos de boa sorte? Que as forças do acaso se alinhem para satisfazer seus desejos? Esse anseio pode até ser atraente, mas para a psicologia a sorte está mais associada à maneira como vivemos as experiências do que aos fenômenos em si. Se por um lado essa visão convida ao abandono de expectativas sedutoramente mágicas, por outro nos confere maior autonomia. Obviamente existem percalços, frustrações e dor no caminho de qualquer um, mas a quantidade de apego que creditamos ao sofrimento pode mudar nossa história – para o bem ou para o mal.
Segundo pesquisadores que abordam o tema nesta edição, não se apegar ao azar parece ser um dos mais eficazes segredos dos sortudos. “Sorte é acreditar que somos sortudos”, afirmou o dramaturgo Tennessee Williams. O psicólogo inglês Richard Wiseman garante que suas palavras são sábias. E fala com propriedade, já que há anos estuda o funcionamento mental tanto de pessoas que acreditam ter uma “boa estrela” quanto daqueles que têm convicção de serem acompanhados pela vida afora por uma nuvem cinzenta.
Outra frase interessante sobre o assunto é atribuída a Louis Pasteur, o inventor da pasteurização e da vacina antirrábica: “O acaso só favorece a mente preparada”. Tudo a ver com serendipidade. A palavra árabe vem do vocábulo Sarandib, antigo nome da Ilha do Ceilão, atual Sri Lanka. O termo foi empregado pela primeira vez pelo escritor inglês Horace Walpole para falar da possibilidade de encontrar coisas boas, mesmo que não estejamos procurando exatamente por elas. Ele cita uma história persa, Os três príncipes de Serendip, na qual os personagens são agraciados com o que chama de descobertas felizes, por acidente ou pela própria esperteza. Mas isso só acontece quando se permitem desfrutar da oportunidade de receber esses “presentes” – que ganham valor quando são reconhecidos como tais e os protagonistas se apropriam psiquicamente deles. A propósito, é justamente isso que esperamos que você encontre nesta edição de aniversário – descobertas felizes.
O rosto mais confiável do mundo
O rosto mais confiável do mundo
O cérebro avalia a confiabilidade de uma pessoa com base em seus traços faciais
Quando falamos com alguém, instintivamente observamos seu rosto e fazemos suposições sobre suas intenções e sentimentos. Nesse processo estão envolvidos mais fatores do que podemos imaginar – um deles é o julgamento inconsciente da fisionomia de nosso interlocutor, como mostra um estudo da Universidade College de Londres: o cérebro avalia a confiabilidade de uma pessoa com base em seus traços faciais.
Com a ajuda de um programa de computador, o psicólogo Constantin Rezlescu usou o rosto neutro para criar outros 20 com traços mais ou menos confiáveis de acordo com características apontadas por pesquisas anteriores. Em seguida, pediu a voluntários que determinassem uma quantia em dinheiro, de um montante informado antes do teste, para doar para cada uma dessas pessoas. Antes da escolha, porém, os participantes foram informados que cada receptor devolveria ao doador o triplo do que ganhou. Como o psicólogo esperava, os participantes entregaram quantias mais generosas às pessoas de fisionomia considerada mais confiável.
Rezlescu repetiu o experimento, dessa vez com uma pequena biografia junto das fotos – o texto informava algumas ações reprováveis dos rostos considerados dignos de confiança no teste anterior. No entanto, isso não alterou as decisões: a má reputação foi aparentemente perdoada pela boa aparência.
Desconfiança pode custar caro
Desconfiança pode custar caro
Suspeitar demais das intenções alheias prejudica a chance de ganhar dinheiro
A maior parte da população mundial vive hoje em cidades e, na prática, significa, entre outras coisas, que menos pessoas conhecem seus vizinhos. Em algum momento parece inevitável nos perguntarmos se devemos nos aproximar de outras pessoas ou levantar a guarda e nos fecharmos para fugir de eventuais perigos. Alguns pesquisadores acreditam que a falta de confiança pode não apenas prejudicar o convívio social (e nos privar de benefícios que isso traz para a saúde mental), mas também custar dinheiro.
Um número cada vez maior de estudos revela um dado intrigante: pessoas que confiam pouco em seus colegas ganham menos em transações financeiras. Participantes de um estudo de 2009, realizado em laboratório, que se tornou famoso e foi várias vezes replicado, os voluntários subestimaram o número de parceiros que dariam retorno a seu dinheiro em um jogo que seguia princípios da economia, investiram menos e acabaram com receita menor do que poderiam ter conseguido. Agora, um artigo publicado em maio no Journal of Personality and Social Psychology estabelece algumas relações curiosas entre o mundo real do prejuízo financeiro e a descrença.
O cientista Daniel Ehlebracht, pesquisador da Universidade de Colônia, na Alemanha, constatou que as pessoas que reconheceram ter visões cínicas da natureza humana tiveram renda menor (em milhares de dólares, após dois e nove anos), em comparação aos seus colegas mais otimistas. Os pesquisadores excluíram várias explicações sugeridas para a ligação entre desconfiança e renda, incluindo personalidade, saúde, educação, idade, gênero e situação de emprego.
Ehlebracht sugere que o cinismo aumenta o sentimento de suspeita, o que dificulta e às vezes impede a cooperação. Se isso é verdade, essa característica não deve ser prejudicial em lugares em que um alto grau de suspeita é justificado. Examinando a situação em 41 países europeus, os pesquisadores constataram que em nações com os índices de criminalidade mais elevados e menos cooperação, o cinismo não se correlacionava com menor renda. Então, conceder aos outros o benefício da dúvida pode não significar dar a chance de ser enganado. Em vez disso, parece compensar, literalmente inclusive.
quinta-feira, 15 de setembro de 2016
Prevenção psicológica do comportamento alcoólico entre os jovens
Prevenção psicológica do comportamento alcoólica entre os jovens
Prevenção psicológica do comportamento alcoólica entre os jovens Uma das questões mais prementes de hoje é a prevenção psicológica do comportamento alcoólica entre os jovens. Alcoolismo precoce é o período de consumo de bebidas alcoólicas, bem como uma manifestação dos seus efeitos secundários antes da idade de 18 anos. Esse problema realmente está entre os mais importantes, pelas razões que o alcoolismo juvenil a cada geração, e mesmo ano as crianças cada vez mais cedo se tornam alcoólatras, mesmo sem conhecê-lo, destruindo a si mesmo e seu corpo de dentro, quebrando seu país futuro bem como a saúde de seus futuros filhos. Álcool na adolescência é mais comum do que em anos posteriores. A razão é que os adolescentes são socialmente imaturo, são mais propensas a influência de álcool. O seu corpo é mais sensível a ele, e, portanto, o risco de se tornar um alcoólico é muito maior. A maioria dos adultos que sofrem de alcoolismo, começou sua jornada desde a adolescência. Só então nucleate primeira motivação para o álcool, o maior impacto sobre a psique eo corpo. Além disso, os adolescentes têm um conjunto ligeiramente diferente de causas de alcoolismo.
Prevenção psicológica de tal comportamento entre os jovens é dependente dos fatores, devido a que a doença se desenvolve. Está provado que, a fim de lidar com o alcoolismo dos adolescentes, para ajudá-los a superar o drama, temos de levar em conta uma série de fatores da doença, sua percepção entre os jovens. De adolescentes alcoolismo não vai salvar a «lei seca», médicas, proibições legais, administrativas não se aplicam. Portanto, se queremos evitar o consumo de álcool entre os jovens, devemos antes de tudo basear-se no psicológico, o fator pessoal. Para fazer isso precisamos de trabalhar sobre a espiritualidade, a percepção interior de álcool por adolescentes, que, na verdade, é um grande desafio. Para isso, considerar as causas do abuso do álcool entre os menores.
A primeira razão, que contribui para o abuso de álcool por crianças — é o efeito sobre o seu ambiente social, a chamada sociedade micro. Em adolescentes influenciar o seu pais, amigos, mídia, cultura e os hábitos do país. A influência dos pais sobre o alcoolismo da criança é muito importante e é medido por muitos aspectos. Esta é uma genética (biológica), o que implica uma predisposição ao álcool, e fatores psicológicos e pedagógicos. As crianças estão sacudindo como os pais se relacionam ao álcool se eles não usá-lo eles mesmos, e que algum treinamento sobre as substâncias tóxicas que podem fornecer os pais. Aqui, a educação desempenha um papel muito importante. Para prevenir comportamento alcoólicas entre os jovens pais precisa explicar para o filho de sua lesão para a pessoa, para o corpo, fácil de interpretar todos os aspectos do alcoolismo, para convencê-lo a «abrir os olhos» da doença. Manutenção preventiva pedagógico é muito valioso e, na maioria dos casos, proporciona um importante efeito positivo.
Mas também afetam adolescentes e sua empresa, amigos. Na maioria dos casos, os jovens preferem se comunicar em uma empresa mais adulto, considerando-se, neste caso, mais do que os adultos e avançado. Amigos e empresa vai beneficiar a criança como pessoa, exceto no caso, se forem contrários aos valores e crenças da criança, empurrando-o para cometer ações negativas. Bem, se o adolescente teve sorte e ele estava na companhia onde o álcool é condenado neste caso é uma alta probabilidade de que um adolescente, a fim de atender as expectativas de seus pais e amigos mais velhos, seguir o seu exemplo. Mas, em outro caso, na companhia de seus amigos adolescentes e não me importo de uma bebida ou dois, e até mesmo sofrem de alcoolismo. Então uma criança empurra o ambiente social, ele tem medo de se destacar, ser diferente, parece-lhe que «estúpido» para sentar e beber como os outros. «Friends» é na maioria dos casos empurrado para os hábitos da criança, dizem eles, «como assim você não nos respeitam», ou «dar um pouco, não há nada errado, bem, não tenha medo, não seja uma ovelha negra.» Um adolescente pode em breve tornar-se ele próprio um alcoólatra. Além disso, o álcool é agora entre os adolescentes bastante ampla, e, literalmente, cada um deles mais de uma vez tentou álcool. Publicidade ao álcool, sugestão psicológica através de piadas, revistas e livros, tudo que manipula a consciência, não apenas adolescentes, mas também faz com que as pessoas se acostumar com a ideia de que o álcool — isto é normal, e até mesmo legal que não há nada errado, pelo contrário, pequenas quantidades de álcool muito útil, assim você só precisa comer! Não se esqueça também que o conceito de uso moderado, cada um diferente. Além disso, ele difere do padrão médico. Afinal, qualquer, até mesmo uma pequena beber uma vez por mês — é a carga para o sistema nervoso, do qual ela nem sequer têm tempo para se recuperar …
Outro fator alcoolismo adolescentes são especialmente sua idade, as dificuldades que enfrentam, e que é errado resolvido pelo álcool. Apesar do fato de que o impacto psicológico do álcool nos indivíduos bastante diferentes, quase todos os adolescentes que estão familiarizados com o seu efeito, confirmar o efeito de relaxamento, diversão, etc. Na maioria dos casos — em si uma sugestão psicológica. O álcool ajuda a relaxar, agir com ousadia — uma das razões para o uso. Adolescentes estão a aprender a governar-se, comunicar-se em um estado sóbrio, gerir e regular o seu humor sem doping. Efeitos semelhantes parecem tão atraente que causam dependência psicológica se o próprio álcool — biológica.
Sob a prevenção psicológica do comportamento alcoólica entre os jovens é entendido explicação sobre os efeitos do álcool para adolescentes, estereótipos de negação e desenvolver a sua fortaleza moral, a interpretação dos aspectos morais da questão. O papel principal é realizada pais, dar aos jovens o bom atendimento e manuseio de seu comportamento social, enquanto a solução de base depende da pessoa.
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
Um mundo em construção
Um mundo em construção
Mais espertos do que se imagina, os bebês exploram o ambiente como se fossem cientistas: observam, criam hipóteses, fazem experimentos e tiram conclusões. E assim o mundo vai se construindo – de dentro para fora, de fora para dentro
Eles choram, demandam atenção constante e, pelo menos nos meses iniciais, deixam mães, pais ou outros cuidadores bastante cansados. Ainda assim, são fascinantes. Basta conversar por alguns minutos com alguém que durante algum tempo conviveu de perto com bebês para ouvir uma frase do tipo: “Eles são muito espertos!”. Pois é, de fato são – e bem mais do que supúnhamos há algum tempo. Especialistas em desenvolvimento dizem que, se não fosse pela impossibilidade do corpo da mãe de suportar uma gestação mais longa, os filhotes de humanos ficariam no útero muito mais tempo. E por chegarmos “semiprontos” ao mundo, muitos médicos já argumentaram que as primeiras 12 semanas de vida são uma espécie de “quarto trimestre” de gravidez. Ainda assim, a despeito da desproteção, bebês parecem ter habilidades bastante aguçadas, além do que a maioria dos adultos costuma acreditar.
Hoje, com os avanços da ciência, sabemos que o cérebro infantil é incrivelmente plástico e o aprendizado se dá de forma acelerada, tornando os pequenos capazes de absorver as mais diversas experiências. Como mostra o artigo da doutora em psicologia e filosofia Alison Gopnik, um dos fatos mais curiosos nessa área é que os bebês exploram o ambiente como se fossem cientistas: observam, criam hipóteses, fazem experimentos, testam, estabelecem categorias, comparações e tiram conclusões. Esses processos intelectuais não são apartados da estruturação psíquica, que precisa ser constituída. Desde as primeiras horas de vida somos imersos em um universo de símbolos que conferem sentidos, deixando marcas profundas, anteriores às palavras e subvertendo o domínio biológico.
No encontro com o desejo do outro, somos como que “imantados”. O que seria da ordem do esperado, do orgânico e do instintivo é “afetado” – somos moldados pelo afeto – e nos transformamos por meio dos vínculos. A linguagem preenche o universo de significados, faz de cada bebê um sujeito único, um pequeno explorador, ávido por estímulos. E assim o mundo vai se construindo – de dentro para fora, de fora para dentro. Nesse processo, a criança que recebe atenção e cuidado se sente autorizada a fazer descobertas. E, não raro, surpreende os adultos que já se esqueceram de que um dia também foram pequenos cientistas, deslumbrados pelo universo ao alcance de suas mãozinhas macias.
Vidas em estado de regime
Vidas em estado de regime
O lugar da pessoa no universo é diretamente avaliado em função da gramatura de seu corpo; o olhar social para a diferença é “gozosamente” punitivo
Depois de anos dedicados à arte da comilança farta, continuada e copiosa e após décadas entre a kantiana sociedade da mesa e o “in vino veritas, in aqua sanitas”, cheguei finalmente ao veredito médico legal: “Christian, você precisa emagrecer”. A sentença caiu como um raio. Lembrei-me de meus antigos companheiros de viagem, cigarros e charutos, que já tinham ficado pelo caminho. Lembrei-me de meu amigo Zé Luiz: “A vida tem duas partes, na primeira entram coisas e pessoas, na segunda só saem”. Tendo padecido de vergonhosa magreza em minha juventude, jamais experimentei qualquer dificuldade com os quilos que foram chegando. Tendo lido Foucault, cultivei uma atitude benevolamente crítica com relação ao imperativo higiênico e dietético que domina a nossa moral sexual civilizada. Acompanhei como a lei do corpo dócil e administrado, em luta permanente com a polícia das calorias, trazia infelicidade crônica, particularmente entre as mulheres. Em síntese: mais uma vítima da biopolítica.
Seguindo recomendações expressas, com ordem e método, o processo, ainda que doloroso, rapidamente levou a um resultado razoável. Chegamos a um rápido armistício com este procurador legal do supereu: a balança. Se o superego freudiano dizia, com Dostoievski, crime e castigo, seu sucessor lacaniano vocifera: “Creme e castigo. Goza! Mas pelo menos não coma as gorduras que você vê”.
Da aventura sobrou uma constatação dramática. Há vidas que se passam inteiramente em estado de regime. A conversa é infinita: métodos, casos, variações milimétricas, teorias e escolas de pensamento. O lugar da pessoa no universo é claro e diretamente avaliado em função da gramatura de seu corpo. Seu sucesso e seu fracasso, seu destino e sua história, tudo pode ser contado do ponto de vista da luta contra este pedaço de matéria móvel e superficialmente dotado de imagem. Uma luta perdida, todos sabemos. Onde estão os críticos desta opressão massiva que impomos a nós mesmos? Quem se levantará contra o caráter obsceno desta moral feita de autocontrole, saúde e bem-estar? Já que a obesidade é um problema social, todas as curas ganham força de lei e todos os poderes opressivos se autojustificam. Descobri que isso é alimentado (com o perdão da palavra) por um sadismo impiedoso e impune praticado à luz do dia. Reconsiderei o sentido de certos comentários, pontuados por olhares de comiseração e recomendações circunspectas acerca de meu aspecto crescentemente dismórfico. Todos estavam preocupados com minha saúde, é claro. Só que não.
Vinte e cinco quilos depois, nenhuma observação. Poucos elogios, em geral artificialmente incitados. De repente volta aquele mesmo tom de preocupação crispada: estaria você doente? Resultado: o olhar social para a diferença é gozosamente punitivo. Ele instrumentaliza a lei instituída para acrescentar uma satisfação a mais. Em nome desta lei exerce a crítica vigilante sobre os outros e seus masoquismos. A interiorização deste processo traz muito sofrimento. Sofrimento que é invisível e normalizado. Como se a vida só pudesse ser vivida com ele.
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