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domingo, 31 de março de 2013
Porque é mais vantajoso casar do que coabitar
Porque é mais vantajoso casar do que coabitar
O que é mais vantajoso: coabitar ("união consensual" ou "morar junto") ou casar? Responda as questões abaixo para aumentar a sua consciência sobre esse tema.
1- Quase não há diferença entre coabitar e casar
2- Não faz nenhuma diferença assinar um papel. Não muda nada.
3- O relacionamento tende a piorar depois do casamento, porque os cônjuges passam a sentirem-se muito seguros e, por isso, diminuem os cuidados mútuos.
4- Coabitar é um “test drive” para o casamento: os parceiros podem experimentar como funcionarão depois de casados. Por isso, coabitar aumenta as chances do casamento dar certo.
5- O casamento é uma instituição falida que vai desaparecer.
As evidencias indicam que todas essas afirmações estão erradas. O texto abaixo vai ajudar a entender porque elas estão erradas.
Coabitar está ficando cada vez mais comum
A coabitação está ficando cada vez mais frequente no mundo inteiro. Nos países mais desenvolvidos, a maioria dos casamentos é precedida pela coabitação. Por exemplo, nos EUA, 70% das pessoas coabitam antes de casar.1 Aqui no Brasil, a percentagem de pessoas que coabitam está crescendo rapidamente: segundo o IBGE, essa percentagem subiu de 28,6% para 36,4% entre os censos de 2000 e 2010!2
Quais os motivos que levam as pessoas optarem por coabitar ou por se casar diretamente sem coabitar? Há diferença na qualidade do relacionamento entre aqueles que moram juntos e aqueles que são casados? Caso hajam diferenças entre esses dois tipos de união, como elas poderiam ser explicadas? Essas são algumas das perguntas que tentaremos responder brevemente neste artigo.
Finalidades da coabitação
A coabitação pode ser um fim em si mesmo (não há aspiração de sair deste estado civil) ou pode ser considerada como um estágio provisório que será desfeito ou progridirá para o casamento.
Principais motivos para coabitar
Como é crescente a percentagem de pessoas que coabitam, deve haver bons motivos para este tipo de união conjugal. Alguns desses motivos são os seguintes:
- Vontade do casal de ficar mais tempo junto e unir suas vidas. Muitos dos casais que sentem essa necessidade não querem, não estão dispostos ou não têm condições econômicas ou psicológicas para casar formalmente. Por isso, resolvem fazer a coisa mais “descomplicadamente”, ou seja, coabitar.
- É mais barato: nada de igreja, vestido de noiva, grandes festas, viagem de núpcias, etc.
- Menos formalidades para iniciar a união: nada cartório e preenchimento e assinatura de papéis.
- Parece menos sério coabitar do que casar: menos regras, mais fácil entrar e sair desse tipo de relacionamento, menos requisitos para iniciar esse tipo de relacionamento (comprar casa, montar casa, etc.).
É mais fácil tomar uma decisão que tem menos consequências e pode ser desfeita com mais facilidade do que tomar uma decisão mais grave e mais difícil de ser revertida. (É importante observar que a legislação atual quase que equiparou os direitos e deveres daqueles que têm união consensual com os direitos e deveres daqueles que são casados formalmente em regime parcial).
- Coabitar pode ir acontecendo gradualmente. A coabitação, muitas vezes, não é fruto de uma decisão ou acontece através de uma mudança repentina que leva os parceiros a morarem juntos, mas vai ocorrendo aos poucos. Por exemplo, uma das partes mora só e a outra vai passando cada vez mais tempo e transferindo suas coisas para a moradia desta.
O casamento produz mais satisfações do que a coabitação
Vários estudos vêem constatando que o casamento formal tem várias vantagens sobre a coabitação. As principais dessas vantagens são as seguintes:
- Melhor qualidade do relacionamento
- Comunicação mais rica
- Menos violência doméstica
- Menor chance de traição
- Menor chance de separação.
Principais causas das vantagens do casamento sobre a coabitação
As principais causas das vantagens do casamento sobre a coabitação são as seguites:
(1) As pessoas que optam por coabitar ou por casar podem ser diferentes entre si. Por exemplo, embora eu não conheça pesquisas a esse respeito, creio que as pessoas que optam por coabitar são mais ousadas e menos conservadoras do que aquelas que optam por casar sem antes coabitar. Essa diferença, caso seja confirmada, pode também se manifestar em outras áreas, como menos fidelidade, menos determinação para lutar para o relacionamento dar certo, maior propensão para encarar a coabitação como algo menos sério. Essa característica também pode ter vários aspectos positivos, como uma vida mais rica e mais estimulante, mais satisfação sexual, etc.
(2) As circunstâncias que levam as pessoas a coabitar ou a casar são diferentes. As condições econômicas a religião e o grau de escolaridade são alguns dos principais preditores demográficos da opção por coabitar ao invés de casar.
Dentre os fatores psicológicos, aqueles que optam pela coabitação provamente estão muito seguros que querem um compromisso duradouro com o parceiro do que aqueles que optam pelo casamento direto.
(3) Diferenças motivacionais para decidir coabitar e casar. A importância relativa do amor em relação a outros fatores (econômico, conveniências, pressões familiares, etc.) parece ser diferente para aqueles que coabitam, casaram sem coabitar e casaram após coabitar. A importância relativa do amor é menor do que para aqueles que se casam quando já estão morando juntos. Nesta situação, a decisão para casar formalmente provavelmente é mais influenciada por razões práticas (comprar uma casa, obter um espréstimo, fazer um curso no exterior, nascimento de filhos e pressões de familiares) e pressões (por parte de um dos cônjuges, por parte da família, etc.), do que no casamento direto.
(4) Ritual de passagem ajuda a assumir novos papéis. Geralmente os rituais de passagem são mais elaborados na ocasião do casamento formal do que na ocasião que o casal vai morar junto. Por exemplo, o casamento é anunciado com antecedência, a festa é mais solene, comparecem mais convidados e os pais ficam mais orgulhosos do que quando os filhos simplesmente vao coabitar. Geralmente a coabitação não é iniciada com data marcada, divulgada e comemorada.
Os rituais de passagem ajudam os envolvidos deixar os papeis anteriores e a assumir novos papéis. Esta afirmação é válida tanto para os diretamente envolvidos, os noivos neste caso, como para os parentes, amigos e sociedade.
A cerimônia tem que ser realizada com solenidade, emoção e declarações comprometedoras para tornar a passagem mais marcada e eficiente. (Ouvi falar de um antropólogo que ajudava pessoas que não acreditavam nos rituais religiosos a preparar seus próprios rituais de casamento, de tal forma que eles atendessem à função de facilitadores das mudanças de papéis).
Vantagens do casamento direto em relação ao casamento durante a coabitação
Um inconveniente sério de casar-se quando já está morando junto é que quando isso acontece, o amor e a sexualidade já estão mais fracos do para aqueles que se casam antes de coabitar. Esse enfraquecimento ocorre porque aqueles que se casam enquanto moram juntos já conviveram maritalmente há algum tempo e isso geralmente leva a uma diminuição do romantismo e do desejo sexual. Essas diminuições terão reflexos negativos na qualidade do casamento.
Por exemplo, para aqueles que casam diretamente, a maior energia do romance e a sexualidade contribue para a adoção de metas mais altas (ter filhos, compartilhamento de rendimentos e despesas, divisão de tarefas caseiras, etc.), da um padrão mais alto de relacionamento (manter o carinho, o respeito e o romance) e do enfrentamento, com mais energia, dos problemas que são comuns nos inícios de relacionamentos.
Porque a coabitação não funciona como um bom "test drive" para o casamento
Morar junto é erroneamente considerado como um "test drive" que serve para conhecer o parceiro e testar a viabilidade do convívio com ele. As evidências indicam que, de fato, coabitar não funciona como "test drive" para o casamento. Não funciona porque quem coabita tem dificuldade para “devolver o produto” que está testando, caso não goste dele. Muitos acontecimentos vão “amarrando o casal” que coabita: abriram mão de outros possíveis parceiros amorosos; terão dificuldades de estabelecer nova moradia, caso se separem (terão que adquirir móveis, utensílios, etc.); terão dificuldades para abrir mão do network que é cada vez mais compartilhado ( amigos em comum, parentes, etc.), a separação implica na perda de vários confortos que são fornecidos pelo parceiro (seguro contra solidão, companhia para programas, parceria sexual, etc.).
Segundo o filósofo Aaron Ben-Zeev1, o casamento daqueles que já estão morando juntos acontece através de uma espécie de deslizamento (“slide”) em direção ao matrimonio e não devido à decisão de casar. Segundo esse autor, as vantagens e as pressões para casar formalmente vão se avolumando para aqueles que coabitam. Uma evidência que indica a ausência da decisão para dar esse passo é que os casais raramente conversam sobre ele antes de se casarem.
Geralmente é mais vantajoso casar do que coabitar. No entanto, nem sempre há condições para casar. Neste caso, parece mais vantajoso coabitar do que viver separado!
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