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terça-feira, 11 de junho de 2013
Entenda a codependência afetiva: o amor entre duas pessoas "doentes"
Entenda a codependência afetiva: o amor entre duas pessoas "doentes"
Tatiana Ades
"Codependência afetiva requer tratamento psicológico às vezes até com medicamentos" Amor deveria ser sinônimo de paz, tranquilidade e bem-estar. Infelizmente, boa parte das pessoas sofre, sente-se carente, desamparada ou se envolve em relacionamentos conturbados e até perigosos.
Constato essa imaturidade afetiva e emocional em minha prática clínica.
O amor entre duas pessoas "doentes" é chamado de codependência afetiva.
Citarei dois relatos para esclarecer como se desenvolve essa dinâmica no relacionamento. Os nomes são fictícios e os fatos reais.
Relato I
Tânia encontrou Antonio e logo de cara iniciaram um romance intenso, no qual o mundo ao redor não fazia mais sentido, apenas os dois juntos se bastavam. Eles se afastaram dos amigos, familiares e logo foram morar juntos.
Antonio, que era alcoólatra, viu em Tânia uma forma de encarar a luta contra o vicio; sentindo-se emocionalmente mais forte, largou o grupo de Alcoólicos Anônimos (A.A).
Tânia reconhecia a necessidade do parceiro em se salvar do vício e sentia-se responsável por ele, a ponto de precisar fazê-lo sentir-se bem. Com isso, o papel de mulher passou a confundir-se com o papel de uma "mãe" exacerbada de cuidados. O tempo passou e Antonio voltou a beber e por algum motivo que desconhecia, Tânia tornou-se cúmplice de seu vício: comprava cervejas para ele. Antonio agradecia e via no comportamento de Tânia uma prova de amor. Ela queria aliviar a fissura dele e ele corroborava essa aceitação. Afinal, estavam juntos e isso era sinal de segurança para ambos.
Percebam que a história de Tânia e Antonio é uma típica codependência afetiva onde um sustenta o vício do outro?
No caso de Antonio o vício é o álcool, no caso de Tânia o vício é estar com alguém doente e de forma inconsciente sentir-se poderosa por ser "alimentada" pela doença do parceiro; sem perceber que está tão doente quanto ele e, caso ele se cure do vício, ela sentirá um vazio enorme.
Vários casais codependentes se separam na fase onde a pessoa viciada e mais "aparentemente doente" inicia um tratamento e melhora. Nessa hora quem sai do vício quer uma vida saudável e aquele que precisa se alimentar do vício do outro sente-se inseguro e acaba se afastando, buscando outra pessoa doente para preencher sua carência.
Relato II
Quando Alice me procurou pedindo ajuda, me relatou que estava desesperada, pois seu parceiro a traia compulsivamente, além de usar drogas, mas ela não conseguia se desvencilhar dele.
No processo terapêutico percebi que se tratava de um caso de codependência, pois sem perceber, ela incentivava os vícios dele, pois quando ele resolveu se tratar e realmente melhorou significativamente, Alice me disse que não entendia o porquê, mas sentia-se desmotivada e não queria mais estar ao lado do parceiro. Assim ela afastou-se dele e buscou outro adicto (viciado) para se relacionar.
Perfil do codependente:
- baixa autoestima;
- sensação de ansiedade quando está sozinho (a);
- vicio por pessoas doentes;
- geralmente não tem nenhum vício, sustenta o vício do outro e o seu vício é a própria doença da pessoa;
- sente-se motivado (a) a ajudar o parceiro com seu vício;
- sente-se poderoso (a) e no controle quando está num relacionamento codependente;
- quando namora alguém "normal", sente-se desmotivado (a) e depressivo (a);
- tende a buscar um novo parceiro codependente.
É possível sair desse padrão que traz muita dor e sofrimento e que pode durar uma vida toda, caso a pessoa não se trate com terapia e até medicamentos.
No amor saudável nunca se é refém da doença do outro, ao contrário, há a necessidade que o outro melhore para que ambos tenham uma vida saudável e equilibrada!
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