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terça-feira, 9 de julho de 2013

Entendendo a infidelidade feminina

Entendendo a infidelidade feminina As transformações sociais ocorridas nas últimas décadas abriram uma brecha para que algumas mulheres, sobretudo as que pertencem às gerações mais jovens, começassem a tomar para si o "direito" de trair por desejo Roberta de Medeiros Segundo o dicionário Aurélio Buarque de Hollanda, traição é também perfídia, deslealdade, infidelidade no amor; é enganar, atraiçoar, denunciar, delatar, ser infiel. Em outras palavras, é o descumprimento de um acordo sem que o outro tenha conhecimento disso. E por mais condenável que a traição seja aos nossos olhos, não há quem nunca tenha cometido esse deslize em algum momento da vida. Ou, na melhor das hipóteses, acalentamos secretamente o desejo de trair. Você já foi infiel? Já desejou ser infiel? Ou manteve uma relação com um homem casado? A pergunta foi respondida por um grupo de 166 mulheres da classe média carioca, e elas responderam em uníssono: a maioria disse que sim. A pesquisa feita pela antropóloga Olívia von der Weid ainda revelou outros dados, mostra que as mulheres encaram o adultério de diferentes formas, variando de acordo com a condição afetiva de cada uma delas. Abaixo dos 30 anos, por exemplo, a infidelidade é superior à média, e chega a 60% nas mulheres com até 20 anos. A natureza teria determinado que as mulheres fossem mais seletivas, enquanto os homens seriam mais inclinados a buscar várias parceiras Tudo indica que algumas mudanças começam a se delinear no horizonte. Parece que as transformações sociais ocorridas nas últimas décadas abriram uma brecha para que algumas mulheres, sobretudo as que pertencem às gerações mais jovens, começassem a tomar para si o "direito" de trair por desejo e não somente por retaliação, como normalmente elas justificavam a infidelidade. Há quem afirme que tais transformações permitiram uma virada feminina, contrariando inclusive algumas doutrinas que tratavam de explicar a traição sob o prisma das ciências naturais. O desgaste do relacionamento não é a única justificativa plausível para a traição. De acordo com a experiência clínica, o que motiva o comportamento infiel é, em alguns casos, o narcisismo e a competição Ciência explica? De acordo com algumas teses inspiradas na teoria do evolucionista britânico Charles Darwin (1809-1882) acerca da seleção natural, a natureza teria determinado que as mulheres fossem mais seletivas, fiéis e zelosas com a prole, enquanto os homens menos rigorosos e mais inclinados a buscar várias parceiras, tendo um mecanismo capaz de rastrear os odores sexuais, além de energia para combater possíveis rivais e fertilizar o maior número possível. Em outras palavras, os homens estariam preparados biologicamente para trair; e as mulheres, para serem dedicadas. Tais ideias têm sido sustentadas por muita gente, sobretudo por biólogos, na tentativa de explicar a evolução da raça humana. Segundo essa abordagem, nosso comportamento sexual seria guiado por certos mecanismos biológicos envolvidos com o desejo sexual, e eles estariam programados para trabalhar a favor da manutenção da espécie. É estranho falar dessa maneira, porque somos mais do que aves ou chimpanzés, mas essa teoria ainda é explorada - e o campo de estudo da Psicologia Evolutiva chama esses mecanismos envolvidos na reprodução e cuidados com a prole de investimento parental. Por esse prisma, fica mais fácil de entender porque dizem que a traição é encarada de formas distintas entre os sexos. Para a mulher, a infidelidade no campo afetivo seria mais ameaçadora do que no campo sexual, já que ela busca um parceiro constante para dividir cuidados com os filhos. "Um homem produz um número milionário de espermatozóides e não está sujeito a ciclos biológicos, se não os descarrega sofre as consequências; uma mulher responde a ciclos e nasce com um número certo de óvulos que conduzem sua vida e que se impõem a ela. A fidelidade única e verdadeira é a da natureza", argumenta o psicanalista Osmar Oliveira. Por outro lado, há estudos recentes que endossam as bases biológicas para a infidelidade feminina. Neste sentido, a traição seria resultado de uma programação genética e biológica. O pesquisador Tim Spector, da Unidade de Pesquisa de Gêmeos do St. Thomas Hospital, concluiu que algumas mulheres estariam programadas geneticamente para serem infiéis. A notícia, claro, foi recebida não sem uma boa dose de controvérsia por quem é do meio cienAo acompanhar o desenvolvimento de duas duplas de irmãs gêmeas, Spector constatou que se uma delas tivesse se mostrado infiel, a probabilidade da irmã também apresentar esse tipo de comportamento era de 55%. O pesquisador diz ter observado que as chances de que um dos dois irmãos sejam ou não infiéis é bem maior quando eles são univitelinos. "Seria burrice negar que a infidelidade não é definida nos genes, assim como os outros traços de personalidade. Entre as mulheres casadas, apenas 23% traem seus parceiros", argumenta. Será? De alguma maneira, a explicação para certos comportamentos cada vez mais é sustentada por uma abordagem biológica. No ano passado, um estudo da Universidade de Emory, nos Estados Unidos, deu o primeiro passo no sentido de decifrar fenômenos sociais como a fidelidade e a traição segundo diferenças genéticas. Os pesquisadores notaram que em sua colônia de arganazes-do-campo, um tipo de roedor semelhante ao esquilo, alguns animais ficavam mais tempo com sua prole que outros. Ao rastrear a origem, eles concluíram que os fiéis e os infiéis tinham uma variação no comprimento da região do DNA que controla um certo gene. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que os animais com segmentos de DNA mais longos possuíam mais receptores de vasopressina, um hormônio que regula o comportamento social em diversas espécies. Animais com segmentos longos tiveram níveis mais elevados de receptores do hormônio presentes nas áreas do cérebro que comandam o comportamento social e o cuidado familiar. Estes animais se aproximariam de outros mais rapidamente e gastariam mais tempo na alimentação dos filhotes. Para a mulher, a infidelidade no campo afetivo seria mais ameaçadora do que no campo sexual Tal qual um banqueiro que planeja uma maneira de "lucrar" no relacionamento, o homem procura conquistar poder e respeito perante seus pares, enquanto a mulher aposta na beleza com uma tática de sobrevivência Claro, esses resultados devem ser vistos com cautela. Afinal, nem é preciso dizer, humanos são de longe mais complexos do que roedores, sendo impossível traçar um paralelo entre eles. Entretanto, os autores defendem que há certos indícios que nos levam à hipótese de que os atributos genéticos indiquem a predisposição de uma pessoa à fidelidade ou à traição. Sabe-se, por exemplo, que há receptores da vasopressina em humanos e, da mesma maneira, o hormônio está mais presente em algumas regiões do cérebro do que em outras. É verdade que essa explicação genética para a traição está longe de ser esclarecida. Seria particularmente difícil prever o comportamento de um indivíduo a partir de sua herança genética. O motivo? É bastante simples: "A cultura provavelmente compensaria qualquer efeito genético", ressalta Larry J. Young, um dos responsáveis pelo estudo da Emory, que pretende descobrir se o mecanismo encontrado nos roedores também está presente em seres humanos. "A variabilidade pode esclarecer alguma diversidade em traços sociais humanos e de personalidade", diz. PARA SABER MAIS Moeda de troca A despeito dos valores voláteis do homem pós-moderno, que evita criar vínculos, o psicólogo Antonio Carlos Alves de Araújo acredita que ainda vale a pena pensar no amor a dois. A solução para todos os problemas apontados seria o que o terapeuta de casais chama de equilíbrio energético. Esse equilíbrio passaria pela "conscientização de que um relacionamento ou amizade é algo vital, que requer manutenção ou investimento diário, assim como nossa tarefa de sobreviver". Araújo diz que, em relação à traição, o que deve ser levado em conta é o caráter da pessoa, o seu desenvolvimento, as chances que ela teve na vida, o seu histórico afetivo... Isto não é visto por muitas dessas pesquisas genéticas, que não têm outro direcionamento, senão o de favorecer a indústria farmacêutica, segundo ele. "O sofrimento não tem bases genéticas. Aliás, o sofrimento virou um mercado muito concorrido, ele é muito disputado por diversos segmentos, pelo shopping, pela mídia, pela religião, pela indústria", critica. As cariocas na lider Infidelidade feminina é alvo de estudos que visam explicar os motivos que levam as mulheres a experimentar novas emoções O AshleyMadison.com, site que se dedica a discutir o tema, realizou um levantamento que concluiu que as mulheres cariocas são as que mais traem no mundo. Segundo a pesquisa, 44% das representantes do sexo feminino do Rio de Janeiro são ou foram infiéis. Nos outros países em que o site está presente, a média é de 30%. Cruel consequência As proposições da biologia nem sempre são bem recebidas por quem trabalha diretamente com as sequelas emocionais deixadas pela traição. A psicóloga Silvana Martani, da Clínica de Endocrinologia da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, descarta totalmente a hipótese baseada na genética. Ela acredita que não existem diferenças entre homens e mulheres quando o assunto é traição. "O que existe é tentar desvalorizar a traição e suas consequências quando se divide em sexual e afetiva. A traição é um sofrimento para todos, homens e mulheres, e não tem diferenciação de fato", conclui. Quando o assunto é traição, não há vencedores. No campo social, ela equivale à demissão. E com uma desvantagem: o traído sequer sabe porquê está sendo demitido. Assim, o ato de infidelidade impede que as questões que exasperam o casal sejam expostas a partir do diálogo. "Quem trai obstrui a comunicação, impede que o outro elabore uma defesa", afirma o psicólogo e terapeuta de casais Antonio Carlos Alves de Araújo, para quem a infidelidade é uma espécie de despotismo, só que no terreno amoroso. Araújo é adepto das teorias de Alfred Adler (1870- 1937). Segundo esse psiquiatra escocês, o comportamento humano é guiado pela busca de superioridade. O desejo de poder seria uma forma de compensar a condição de inferioridade que vivenciamos na infância frente aos adultos. Daí a vontade de sermos fortes e capazes, como aqueles nos quais nos espelhamos; e mesmo depois de crescidos, continuamos acalentando tais ideais de perfeição. De alguma maneira, a explicação para certos comportamentos cada vez mais é sustentada por uma abordagem biológica Baseado na sua experiência clínica, o terapeuta afirma que o desgaste do relacionamento não é a única justificativa plausível para a traição. Para ele, o que motiva o comportamento infiel é, na verdade, o narcisismo e a competição. O ato de trair estaria ligado à necessidade de estabelecer uma relação de vantagem em relação ao companheiro - seja para compensar a falta de segurança, afeto e atenção; seja para, simplesmente, firmar uma relação de poder, por puro capricho narcisista. A traição seria a vingança pela falta de empenho do outro. A mulher que trai está punindo o parceiro que não deu atenção a ela. Para o homem, a traição pode ser vista como uma ambição. "Um paciente meu disse que trai a mulher três vezes por dia, com três mulheres diferentes. Ele diz que faz isso porque é ambicioso. E agora busca tratamento porque teme que a mulher faça o mesmo. A traição, neste caso, está relacionada com narcisismo; em Psicologia chamamos de estrutura narcisista de caráter. O ponto central da infidelidade parece ser o desejo de poder", explica. Ele compara o infiel ao banqueiro que planeja uma maneira de "lucrar" no relacionamento. O homem procura conquistar poder e respeito perante seus pares, enquanto a mulher aposta na beleza com uma tática de sobrevivência de sua parte afetiva, tentando evitar o abandono a qualquer preço. Note que ambos figuram como investidores! As proposições da biologia nem sempre são bem recebidas por quem trabalha diretamente com as sequelas emocionais deixadas pela traição E no concorrido mercado do amor, a beleza ganha peso de "commodity", normalmente associada ao prestígio e ao status. Muitas vezes, é o sofrimento que organiza o cotidiano das pesso as: o depressivo, por exemplo, escraviza as pessoas com sua melancolia, que sempre inspira cui dados O ato de infidelidade impede que as questões que exasperam o casal sejam expostas a partir do diálogo Da mesma maneira que Adler - que defende a tese de que todos os problemas importantes na vida de uma pessoa são de ordem social -, Araújo descarta a hipótese de que genética possa explicar a propensão de algumas pessoas para a infidelidade, como sugerem alguns estudos recentes desenvolvidos nesse campo. Ao contrário, ele diz que o sofrimento não tem bases genéticas: o que deveria ser levado em conta é o caráter, o contexto, o desenvolvimento e a história afetiva de quem trai. Sinal de caráter Fala-se que homens e mulheres interpretam a traição de formas diferentes. A mulher estaria mais preocupada com a traição no campo afetivo enquanto o homem no campo sexual. Essa distinção faz sentido? Segundo Antonio Carlos Alves de Araújo faz sentido, sim. "Mas há outras diferenças que eu percebo a partir da minha experiência em terapia de casais. A mulher geralmente tenta perdoar mais que o homem. O homem não costuma relevar, ele nem mesmo vem à terapia por si só. Boa parte dos homens prefere recorrer a detetives a avaliar o que está dando errado no relacionamento". Interpretando esses casos a partir de uma abordagem freudiana, dizemos que o sujeito que é ciumento a ponto de pagar alguém para vigiar a mulher, na verdade projeta nela o que há de pior em si. Geralmente, são homens que também estão traindo. Traição no cinema O tema sempre esteve presente no cinema. Um dos filmes mais marcantes é Infidelidade, história de Edward e Connie Summer (Richard Gere e Diane Lane), casal que tem uma vida normal e um filho de 8 anos. No entanto, Connie conhece um jovem francês (Olivier Martinez), com quem inicia uma relação obsessiva. O marido contrata um detetive e, a partir daí, ocorrem situações tensas, mostrando que a traição exige o pagamento de um preço "amargo". No passado, as mulheres justificavam a infidelidade pela traição do marido. Já as mulheres das novas gerações tomaram para si um direito que até então era masculino, o de trair por desejo. "Tenho um paciente jovem que tem uma namorada que faz academia, pratica musculação, toma anabolizantes e coisas do gênero. É uma mulher masculina, ela deseja um atributo masculino. O que assistimos atualmente é isso, mulheres imitando homens, tomando de empréstimo seus piores hábitos". Para ele, esse desejo desenfreado por ter diversos parceiros, o desejo de trair, é reproduzido, quando na verdade deveria ser combatido, controlado. "Mas as novas gerações se desenvolveram a partir de valores hipernarcisistas, são pessoas individualistas e altamente competitivas". A timidez também teria uma relação com infidelidade. O papel daquele que escamoteia o diálogo no relacionamento é destruir os sonhos do outro, impedir que alguém atinja o clímax com ele, porque se isso acontecer ele terá um compromisso de retribuir. "Egoísmo, timidez, narcisismo, competição... esses problemas estão envolvidos com a infidelidade. Posso dizer que o indivíduo que tem uma postura tímida no relacionamento é um estelionatário emocional. Ele opta por um relacionamento, mas, ao mesmo tempo, procura se esconder, evita o diálogo, impede que o casal discuta seus problemas quando eles surgem, nega-se a compartilhar qualquer experiência íntima. O que essa pessoa pretende é bloquear a troca afetiva. Depois ele acaba se queixando da traição. Tenho muitos casos assim, são homens que preferem lidar com máquinas a conviver com seus pares. Geralmente, isso acontece porque tiveram privação afetiva em algum momento da vida". O ato de trair estaria ligado à necessidade de estabelecer uma relação de vantagem em relação ao companheiro No caso da descoberta de uma traição, em geral a mulher tende a perdoar o homem mais que o homem. Nessas situações é comum as mulheres procurarem por ajud a terapêutica, enquanto boa parte dos homens renega a terapia de casal Mas diante do ultranarcisismo e do individualismo do homem pós-moderno, que não estabelece laços profundos com nada, ainda faz sentido sonhar com o amor a dois. "Sempre é possível, mas a maioria das pessoas usa a traição como um contrato inconsciente. Cerca de 80% dos relacionamentos são mal sucedidos. Todo mundo parece estar infeliz. A igreja e a televisão mascaram o problema. Mas ainda assim o relacionamento a dois é possível a despeito do narcisismo, do individualismo, da competição. A solução é o diálogo. Aliás, o que separa a loucura da normalidade é exatamente isso, a comunicação. O tímido, por exemplo, não consegue se comunicar, seu relacionamento se torna algo problemático. Ele evita discutir as questões que o incomodam e, com isso, retira a chance de defesa do outro. Por outro lado, existem relações em que a discussão se torna uma espécie de combustível que alimenta o casal, as partes envolvidas se viciam no conflito. Mas quando há a ameaça de separação, ela não é aceita, porque a pessoa não quer parar. A nossa sociedade vive essa constante drogadição, uma overdose em todos os aspectos". Amor que dói Muitas vezes é o sofrimento que organiza o cotidiano das pessoas. "O depressivo, por exemplo, escraviza as pessoas por meio de sua melancolia, que sempre inspira cuidados e atenção. A postura é cômoda por que assim ele não precisa lidar com suas perdas, sua fragilidade". O mesmo aconteceria com o ódio. Ao alimentá-lo, a pessoa insatisfeita não precisa trabalhar os conflitos. Esse ódio é quase um delírio, um orgasmo. "O problema é que a cultura não aceita esse ódio, que jamais é assumido. Até que um dia a situação chega ao extremo, como ocorreu com a Suzane Richthofen [a jovem que ajudou a executar os pais]. Isso é muito frequente. A motivação, muitas vezes, não tem qualquer relação com o perfil socioeconômico, o problema é de outra ordem". A vingança retira o foco do que se está passando internamente para o traído. "Se o perdão está fora de questão, o que eu aconselho é por um fim nessa relação. Em 10% dos casos de infidelidade, a pessoa traída se vinga ou então culpa o outro eternamente. Até que um dia ela vai embora, porque não encontrou um meio de lidar com a situação. Mesmo as mulheres, que costumam relevar mais, acabam se tornando receosas, e mais tarde demonstram dificuldade de se envolver novamente. Quando resolvem levar o relacionamento adiante, ficam completamente diferentes. Ou elas apostam tudo na vingança, ou se dedicam apenas ao trabalho, investem tudo no sucesso profissional"

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