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domingo, 20 de outubro de 2013

A face é uma central de emissão e recepção de informações

A face é uma central de emissão e recepção de informações Ailton Amélio A face é parte do corpo que recebe as maiores atenções. Geralmente quando uma pessoa é mostrada pela mídia (TV, cinema, jornais, revistas, etc.) a sua face sempre aparece em destaque. Para se ter uma ideia disso, basta ligar a televisão e ver os enquadres: quando só uma parte do corpo aparece no vídeo, esta parte geralmente é a face: ela quase sempre é a última coisa a ser cortada. Muitas vezes até um pedaço do couro cabeludo ou do queixo não é mostrado no vídeo, o que representa um esforço para mostrar o máximo possível da região da face, que vai da boca até a testa. O mesmo pode ser observado nas fotos, sejam elas tiradas pelas pessoas comuns ou por profissionais, como aquelas que aparecem nas revistas e nos jornais: a face geralmente é mostrada. A omissão de outras partes do corpo ocorre exatamente para que a face seja vista melhor. A face só não é prioridade quando o tema trata exatamente de outras partes do corpo como, por exemplo, os novos seios siliconados de uma modelo ou os músculos de um ídolo do cinema. Mesmo nestes casos, raramente a foto deixa de mostrar a face daquele que está sendo citado. A face se destaca do fundo e atrai as atenções A face pode ser percebida mesmo quando há uma grande quantidade de outras informações. Naqueles jogos do tipo “encontre o objeto perdido”, a face geralmente pode ser facilmente encontrada, mesmo quando está disfarçada dentro de um emaranhado de outros objetos. Vários estudos mostraram que uma pessoa pode ser reconhecida pela face mesmo quando poucas informações sobre ela são exibidas. Estes estudos reduzem as informações através da diminuição do contraste entre ela e o fundo ou através de programas de computador que controlam a quantidade de informações apresentadas. Uma pessoa também pode ser reconhecida pela sua face mesmo quando distorções são introduzidas como acontece nas caricaturas. Existe um duplo motivo para orientar a face para a face do interlocutor. O emissor das comunicações dirige a sua face para que o receptor possa captar melhores os sinais que ele vai emitir. O receptor dirige a sua face na direção do emissor para posicionar melhor os seus órgãos captadores para receber as informações que estão sendo apresentadas pelo emissor. Durante as conversas, olhamos uma boa parte do tempo para a face do interlocutor. O ouvinte olha a face do falante para entender melhor o que ele está dizendo (pode ver os seus movimentos labiais e os seus ouvidos ficam dirigidos da melhor forma possível para captar os sons que estão sendo emitidos pelo outro), os seus marcadores faciais, expressões de emoções, emblemas faciais, se está à vontade, como está se sentindo momento a momento em relação ao tema, se quer continuar com a palavra ou como estão reagindo ao que estamos dizendo. Embora existam vários tipos de pistas verbais e não verbais sobre estes tipos de informações, uma boa parte delas vai aparecer no rosto de quem está falando. Outro motivo para fixar a face é o tabu que existe sobre a fixação de outras partes do seu corpo. Durante as conversas geralmente olhamos para a face do interlocutor. É tabu fixarmos outra parte do seu corpo, como um decote ou entre as pernas do interlocutor. Só olhamos para estas outras partes quando existe um motivo especial (por exemplo, mostrar um ferimento, os efeitos de um xampu nos cabelos, etc.) e, assim mesmo, se não for tratar de uma região tabu. A face é uma central de emissão e recepção de informações A face funciona como uma espécie de central multimídia tanto para a emissão como para a captação de informações (Veja o livro citado na nota, no final desse artigo). Na face estão localizados vários tipos de recursos que podem ser usados para emitir informações: conformação óssea da sua cabeça e rosto, cor e estado da pele, expressões faciais, olhar, dilatação e contração de pupila, produção de sons. Na face e adjacências também estão situados vários órgãos especializados em captar estes tipos de informações: olhos, ouvidos, nariz, tato, paladar, receptores de calor. Unidades de ação Os sinais rápidos são produzidos principalmente através da ação muscular. A ação muscular produz alterações em áreas faciais. Paul Ekman e seus colaboradores procuraram determinar quantas áreas faciais podiam se mover independentemente. Estes autores verificaram que algumas ações musculares podem produzir mais que uma unidade de ação e vários músculos podem produzir apenas uma destas unidades. Uma espécie de alfabeto facial. Estes estudiosos denominaram estas áreas capazes de movimentos independentes como “unidades de ação”. Todas as expressões podem ser descritas através destes movimentos constituintes. Foram determinadas 46 Unidades de ação: vinte e três de cada lado do rosto. Duração dos sinais faciais Os sinais faciais podem ser classificados de acordo com suas durações, em fixos, lentos, rápidos e artificiais. Fixos – aqueles que se alteram muito pouco durante a vida (a aparência da pessoa nos informa sobre sua identidade, raça, sexo – ver o capítulo sobre a aparência). Muitos destes sinais são de origem genética: formato das sobrancelhas, tamanho dos olhos, espessura dos lábios. Cada um destes tipos de sinais é informativo sobre certos tipos de informações (raça, idade, personalidade, etc.) Lentos – aqueles que se modificam com a idade (rugas, flacidez, etc.). Rápidos – aqueles que podem ser alteradas frações de segundo através da produção ou da ação muscular, (movimentos musculares, ruborização, empalidecimento, sudação). Artificiais- Aqueles produzidos por alterações de sinais através da maquilagem, ou de intervenções que produzem alterações duradouras ou permanentes como as cirurgias. Os sinais fixos, lentos e artificiais não produzem as expressões faciais. No entanto, existe o risco daqueles sinais serem confundidos com estes. Por exemplo, uma ruga na testa que surgiu devido à idade, pode ser confundida com uma expressão de surpresa produzida pela ação muscular rápida. Por este motivo, para julgar o que uma pessoa está expressando é necessário saber quais destes sinais fazem parte da face quando esta está em posição usual (esta não deve ser confundida com a sua posição relaxada). A face é multimensageira A face contém ou pode apresentar diversos tipos de informações como, por exemplo, informações sobre: identidade pessoal, informação demográfica (raça, gênero, idade, etc.), emoções, emblemas (expressões que podem ser substituídas por uma palavra ou uma frase. Por exemplo, dar uma piscadela para significar “Estou mentindo”. Marcadores: expressões que acompanham a fala e que funcionam para marcar o seu ritmo e sublinhar ou ilustrar o que está sendo dito. Por exemplo, usar movimentos de sobrancelhas para acompanhar o ritmo da fala. Reguladores: expressões e gestos usados para regular o fluxo da fala entre os interlocutores. Por exemplo: fazer uma cara de interrogação quando o interlocutor fala algo duvidosos para leva-lo a fornecer mais explicações). A face é multirreceptora Em nenhum outro lugar do corpo existe uma concentração tão grande de órgãos receptores especializados em diferentes sentidos como na face humana: visão, audição, olfato, paladar, tato, calor, etc. Esses diferentes “órgãos dos sentidos” são usados para captar informações. Pistas contextuais que ajudam a interpretar expressões faciais Pistas do contexto ajudam a interpretar as expressões faciais de emoções. Estas pistas contextuais são tudo aquilo que veio antes ou está presente no momento que a expressão está sendo exibida. Por exemplo, fotos tiradas de pessoas que estão em uma montanha russa podem ser julgadas facilmente como mostrando sinais de alegria e medo. O julgador usa as informações que possui sobre o que as pessoas sentem neste tipo de situação e as suas expressões faciais para julgar as emoções que elas estariam sentindo. Certas expressões faciais não necessitam destas pistas contextuais para que seus sinais sejam decifrados. Este é o caso, por exemplo, das expressões das sete emoções básicas e de vários emblemas faciais (descrença, ficar boquiaberto ou de queixo caído, etc.). Expressões faciais de emoções A face e a voz são os melhores expressores de emoções. As sutilezas dos sentimentos podem ser detectadas através da face. Através do corpo é possível detectar apenas a intensidade da emoção e alguns outros tipos de informações. A face e a voz, no entanto, possibilitam determinar qual emoção ou combinação de emoções uma pessoa está sentindo. A importância das expressões de emoções Porque é importante saber o que o interlocutor está sentindo e porque é importante expressar as nossas próprias emoções? Saber que emoção nós mesmos e nossos interlocutores estamos sentindo é muito importante em um relacionamento. Perceber o que uma pessoa está sentindo ajuda prever o que ela vai fazer como, por exemplo, os temas de conversa que vai tratar e como agirá em relação ao interlocutor ou em relação a outras situações. Também é importante entender aqueles casos onde as emoções do nosso interlocutor estão sendo provocadas pela nossa ação para que possamos nos guiar, se for o caso, por estes efeitos. Emoções puras e emoções mistas Os estudiosos deste tema costumam distinguir emoções puras de emoções mistas. As emoções puras possuem um mesmo padrão fisiológico, comportamental e emocional toda vez que são provocadas. As emoções mistas são aquelas constituídas por duas ou mais emoções puras. Existe uma grande polêmica sobre quantas e quais seriam as emoções puras e quais seriam as emoções mistas. No entanto os maiores estudiosos desta área concordam que pelos menos as seguintes sete emoções são puras: alegria, tristeza, raiva, nojo, desprezo, surpresa e medo. Expressões faciais de emoções programadas geneticamente Outra polêmica é sobre o papel desempenhado pela genética e pela aprendizagem sobre as capacidades de emissão e recepção destas expressões. Existem evidências de que as expressões faciais características destas emoções puras são pré-programadas inatamente e que, portanto, elas são expressas sem a necessidade de muita aprendizagem. Estas evidências são as seguintes: pessoas de todas as culturas estudadas, inclusive de culturas isoladas reconhecem tais expressões; (2) estas expressões são mostradas por recém-nascidos mesmo quando estes nascem cegos e (3) existem semelhanças entre as expressões de certas espécies de macaco e as expressões humanas. As provas de que os reconhecimentos destas expressões não necessitam de aprendizagem existem, mas são mais fracas do que aquelas sobre as suas manifestações. Por exemplo, os recém-nascidos imitam estas expressões (o que indica que eles têm uma grande sensibilidade para elas e que possuem uma pré-programação para percebê-las e expressá-las). Regras culturais que controlam as expressões de emoções Raramente expressamos tudo o que estamos sentindo. As nossas expressões são controladas pelo que sentimos e pelo que aprendemos sobre suas expressões e pelos possíveis efeitos que calculamos que tais expressões terão sobre as outras pessoas. Este aprendizado é muitas vezes é padronizado culturalmente. Por exemplo, na nossa cultura existem normas tais como: “homem não chora”, “homem não tem medo”, “as mulheres devem ser dóceis”. Estas normas fazem com que os homens da nossa cultura não se sintam bem quando sentem medo ou vontade de chorar e que se contenham em expressar tais sentimentos principalmente na presença de outras pessoas. De fato controlamos as nossas expressões quase que o tempo todo. Talvez este controle, originado dos possíveis efeitos sobre os outros, seja o maior causador das nossas expressões faciais e não as emoções que sentimos. NOTA Ekman, P. & Friesen, W. V (1975. Unmasking the Face: A Guide to Recognizing Emotions from Facial Expressions. NY: Barnes & Noble

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