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sábado, 25 de janeiro de 2014
Química amorosa X razão: " Nos amamos, mas nosso amor é inviável"
Química amorosa X razão: "Nos amamos, mas nosso amor é inviável"
Aílton Amélio
Um dos maiores tipos de sofrimento na área amorosa acontece quando o casal se ama e tem muita química entre si, mas o relacionamento entre eles é inviabilizado por algum motivo externo como, por exemplo, um quer filhos e o outro, não, ou um é praticante de uma religião e o outro, de outra.
Nestes casos, muitas vezes, um dos envolvidos inventa um pretexto para terminar o relacionamento. Por exemplo, aproveita uma briga, aumenta a sua gravidade e termina. A outra parte fica estarrecida com o tamanho do absurdo do motivo que levou ao término! Este é um último favor que aquele que terminou presta à outra pessoa: o absurdo e a arbitrariedade das circunstâncias que levaram término dão força para aquele que foi deixado esquecer quem tomou a iniciativa de terminar!
Estilos de amor e química amorosa
Uma parte das pessoas é capaz de sentir uma forte “química amorosa” por parceiros que preenchem certos requisitos. A teoria “Estilos de Amor”, do sociólogo canadense John Alan Lee (veja, neste blog, o artigo que escrevi sobre essa teoria), ajuda a classificar as pessoas que são capazes de experimentar uma química muito forte por outras pessoas e aquelas que não são capazes disso.
Aquelas pessoas que têm um estilo Eros de amar, por exemplo, podem sentir muito fascínio e até mesmo se apaixonarem à primeira vista por pessoas que lhes causem um impacto imediato.
Aqueles que têm um estilo Mania também podem sentir muita atração romântica e sexual por pessoas que lhes despertem esperanças de reciprocidade e algum grau de insegurança, simultaneamente.
As pessoas que têm outros estilos de amor geralmente não sentem tão fortemente essa “química” por seus parceiros. Por exemplo, a base do amor dos estórgicos é a amizade, a dos pragmáticos são compatibilidades ou o preenchimento de várias expectativas em setores práticos da vida (educação, consideração, valor social, capacidade econômica) e os agápicos amam aqueles que precisam de suas ajudas e dedicação. Esses estilos de amor se ligam aos parceiros mais devido a outros fatores e menos, devido a “química amorosa”.
Química animal
Essa química, creio eu, poderia ser chamada de “química animal”, porque ela é fortemente influenciada pelos atributos de “macho” e de “fêmea” dos parceiros.
Essa química tem pelo menos dois ingredientes: o romântico e o sexual, embora, muitas vezes, apenas um deles esteja presente (apaixonar, mas sentir pouca atração sexual ou sentir atração sexual, mas pouco amor romântico).
Essa química não é totalmente insensível a certos fatores “práticos” como escolaridade, nível econômico e idade. Caso não fosse sensível a esses fatores, ela aconteceria, frequentemente, entre pessoas de diferentes níveis sociais, culturais e econômicos. Infelizmente, quando ela acontece entre pessoas dispares nestes setores, ela é mais de natureza sexual do que romântica.
Quando há um desencontro entre química e razão
Muitas vezes, essa química acontece, mas existem impedimentos muito fortes para que o casal fique ou permaneça junto (um ou ambos são casados, os dois têm empregos muito valiosos em locais muito distantes, um ou ambos deles têm um gênio muito difícil o que impede o convívio – “Se amam e se odeiam”, etc.).
Essa química não é sensível a argumentos racionais. Não adianta muito o apaixonado ou um amigo enumerar os inconvenientes e consequências de ficar com a outra pessoa. Os efeitos dessa enumeração e argumentos são superficiais e pouco duradouros.
Assim que o casal se afasta, os efeitos da química ficam mais fortes e os efeitos da incompatibilidade ficam mais fracos. Assim que o casal volta, as incompatibilidades voltam a ficarem mais fortes. Nova separação...
Quando a razão é favorável, mas não há química
Essa química também não pode ser criada quando existem motivos racionais favoráveis para uma pessoa gostar da outra: muitas vezes reconhecemos que uma pessoa tem inúmeras qualidades que gostamos em um parceiro amoroso, mas não conseguimos nos apaixonar por ela nem sentir muita atração sexual por ela.
Um estudo internacional, realizado em doze países, inclusive no Brasil, perguntou para os participantes se eles se casariam com uma pessoa que tivesse todas as qualidades que eles desejam em um parceiro amoroso, mas que, apesar disso, não a amassem. Nos países culturalistas (aqueles onde o interesse do grupo tem mais valor do que o interesse dos indivíduos) a maioria disse que sim ou que ficariam em dúvida. Nos países individualistas (aqueles onde o interesse do indivíduo é mais valorizado do que o interesse do grupo como, o Brasil e outros países ocidentais - disseram que não) a grande maioria disse que não se casaria
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