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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O seu relacionamento amoroso está oco, mas você não consegue terminá-lo?

O seu relacionamento amoroso está oco, mas você não consegue terminá-lo? Dê uma nota de 0 a 10 para o quanto você concorda com cada uma das afirmações abaixo (0 = não concordo nada; 5 = concordo mais ou menos; 10 = concordo totalmente). Elas ajudarão a verificar se o seu relacionamento perdeu boa parte do seu conteúdo e está sendo mantido por conveniências ou por comodismo. 1- O amor entre você e a sua parceira minguou: agora, ele nem se compara com o que já foi um dia: nada de olhos nos olhos, beijos românticos prolongados, telefonemas só para ouvir a sua voz, mil mensagens só para dizer que está pensando nela... 2- A sua atração sexual pela parceira diminuiu muito. Fazer sexo com ela deixou de ser extremamente prazeroso e passou a ser uma obrigação ou, até mesmo, um momento temido e evitado. 3- A amizade entre você e a sua parceira está muito fraca. Aquele prazer em contar as boas novidades para ela já não existe. Conversar com ela deixou de ter aquele encanto. Você deixou de contar para ela muitas coisas que são importantes para você. Agora só dá para sair com ela se houver um programa muito bom que prenda a atenção dos dois ou amigos que animem a conversa. Se você deu nota maior que cinco para qualquer uma das três questões acima, o seu relacionamento está oco no tipo de conteúdo que trata a questão. Se você deu mais que cinco para duas ou para as três questões acima, o seu relacionamento está muito oco. Quanto mais próximas de 10 foram as suas notas, mais oco ele está. Leia o texto abaixo e reflita sobre o que está acontecendo. Neste artigo, vou usar a expressão “relacionamentos ocos” para me referir aos relacionamentos amorosos que são mantidos mesmo quando o amor, a atração sexual e a amizade já terminaram. São relacionamentos mantidos por uma estrutura externa, mas não pelo que acontece nas interações cara a cara entre o casal. Por isso, o nome “oco”. Existem evidências que indicam que o esvaziamento é a principal causa das separações, tendo superado as traições (segundo lugar) e as brigas (terceiro lugar). Muitos casais, no entanto, não se separam mesmo quando seus relacionamentos já se esvaziaram. Isto acontece porque existem outras amarras externas que mantêm esses relacionamentos sem conteúdo interno. Em um artigo anterior, examinei algumas das principais causas do esvaziamento do relacionamento (veja a citação deste artigo, na Nota 1, no final deste artigo). Neste artigo vamos examinar: (1) alguns dos principais tipos de esvaziamentos que um relacionamento pode sofrer (esvaziamento do amor, do sexo e da amizade) e (2) alguns dos motivos que ajudam a manter esses relacionamentos ocos. Um exemplo de relacionamento oco O seu relacionamento entre Marlene e o André, seu esposo, estava oco. Ele havia perdido toda a cumplicidade: eles não tinham mais nada para dizer um para o outro. O conteúdo das suas conversas agora consistia em cumprimentos formais, lembretes das obrigações que cada um tinha que cumprir, notícias imprescindíveis e comentários desanimados sobre fatos do cotidiano. A presença do outro não trazia nada de significativo. Era chato. Nada que o outro fizesse ou dissesse era muito interessante ou prendia atenção. Só era possível permanecer na companhia do outro cônjuge quando havia algo externo para prender a atenção: assistir um programa de televisão que interessava a ambos, visitar alguém, viajar para locais onde que tivessem atrações para manter suas atenções. Era um casal do tipo que um cônjuge lê o jornal no café da manhã enquanto o outro assiste televisão. Outro exemplo: aquele casal que sai para jantar, mas durante o tempo, os cônjuges ficam manipulando seus celulares. Marlene e André deixaram de compartilhava seus sentimentos, apreensões, satisfações. Nas raras ocasiões que um deles compartilhava algo que era significativo para si, fazia isso de forma desvitalizada e telegráfica. Tal compartilhamento geralmente era recebido com monossílabos igualmente desvitalizados pelo outro. Há muito, cada um deles havia deixado de querer impressionar o outro e a opinião do outro não era procurada como era fonte de validação ou de alívio. Eles não mais se admiravam, não sentiam atração mútua e não se sentiam estimulados pela presença do outro. Claro que cada um deles continua a sentir e a pensar continuamente em coisas que era significativa: fatos, objetivos para serem alcançados, incômodos, preocupações, acontecimentos que traziam alegria e decepções no dia a dia, pessoas que encontraram e que lhes disseram coisas que os afetaram. Mas, cada um deles passou a achar que não valia a pena falar do que estava se passando consigo para o outro. Esvaziamento do amor Robert Levine, professor da Universidade Estadual da Califórnia, e colaboradores (veja a citação deste artigo na Nota 2, no final deste artigo), perguntou para pessoas de 11 países (o Brasil era um deles) se elas casariam sem amor com um parceiro que tinha tudo que elas queriam. Os participantes tinham três opções de resposta: “Sim”, “Ficaria em dúvida” e “Não”. As respostas variaram bastante dependendo se o país era “individualista” (os interesses dos indivíduos eram considerados mais importantes do que os coletivos) ou “coletivista” (os interesses do grupo eram considerados mais importantes do que os interesses dos indivíduos). Nos países individualistas (geralmente países ocidentais ou ocidentalizados) mais de 80% das pessoas disseram que não se casariam sem amor (no Brasil, 86% disseram que não casariam, 10% que ficariam em dúvida e 4% que se casariam sem amor com um pretendente bem qualificado). Nos países coletivistas, uma percentagem bem maior de pessoas disse que se casaria ou ficariam em dúvida com tal pretendente do que nos países individualistas. Em seguida, os autores dessa pesquisa apresentaram outra pergunta: Após o casamento, se você deixasse de amar o parceiro, você se separaria? A grande maioria das pessoas de todos esses países, inclusive daqueles que eram individualistas disse que não se separaria. Ou seja, nos países ocidentais, o amor não é um requisito muito importante para manter um casamento. Esvaziamento da atração sexual Geralmente, quando há o esvaziamento do amor, também há um esvaziamento do interesse sexual. Isso é verdade principalmente por parte das mulheres. Elas até podem continuar a fazer sexo, mas as atividades sexuais geralmente são iniciadas por pressão dos maridos e elas cooperam porque elas sabem que o sexo é necessário para manter a harmonia do relacionamento e para evitar traições por parte deles. Muitas dessas mulheres até acabam se excitando durante o sexo e chegando ao orgasmo. As mulheres que se excitam dessa forma são aquelas cujos desejos “pegam no tranco” (veja o meu artigo, neste Blog, “Mulheres que pegam no tranco”, que trata deste assunto). Também estou convencido que existem muitos homens que “pegam no tranco”: são aqueles que não sentem desejo antes do início das atividades sexuais. Para despertar o desejo, estes homens usam artifícios (ver filmes pornôs, masturbação, pensar em outra pessoa, etc.) e também podem usar algum tipo de artifício para ajudar a manter a ereção (medicações que têm esse efeito). Esvaziamento da amizade A amizade é bastante complexa. Ela é regida por uma espécie de contrato que estipula muitos direitos, deveres e sentimentos. Um estudo realizado por Robert Sternberg e Grajek (Veja a citação deste artigo na Nota 3, no final deste artigo) verificou que a amizade amorosa é constituída pelos seguintes elementos: 1- Desejar promover o bem estar do amado 2- Ficar feliz por ter aquela pessoa como parceiro amoroso 3- Ter alta consideração pelo amado 4- Ser capaz de contar com o amado em tempos de necessidade 5- Haver compreensão mútua com o amado 6- Compartilhar a intimidade e as posses com o amado 7- Receber suporte emocional por parte do amado. 8- Dar suporte emocional para o amado 9- Ter uma boa comunicação íntima com o amado 10- Valorizar o relacionamento que existe com o amado Não existe bem material que supere a satisfação que a intimidade proporciona. Esvaziamento da amizade: desinteresse pelo que se passa com o cônjuge Um relacionamento onde o cada cônjuge deixou de se interessar pela vida psicológica do outro (o que ele anda sentindo, pretendendo, preocupado, satisfeito, etc.) está oco. Muitas vezes, neste tipo de relacionamento, ainda persiste uma preocupação e cuidados com o bem estar físico e material do outro cônjuge. Mas quando o que o cônjuge pensa e sente deixou de ser interessante para o outro, ele se tornou uma casca e perdeu a sua visibilidade psicológica. É como possuir um objeto de arte: ele não fala, não tem desejos, não tem preocupações, não faz planos, etc., mas é bom de ser visto, tem que ser cuidado e exibido. Fatores que seguram os relacionamentos ocos Muitos casamentos são mantidos mesmo sem amor, amizade e interesse sexual porque, depois de um tempo de vida de casado, o casal estabeleceu outra estrutura para mantê-lo. Fatores externos que podem segurar relacionamentos ocos O relacionamento pode se enraizar em diversas direções. Algumas delas são as seguintes: - Fatores econômicos: o casal constitui uma unidade econômica: os custos e benefícios econômicos de um cônjuge afetam o outro. Os custos para manter um casal que vive junto geralmente são menores do que a soma para manter cada um dos dois cônjuges que vivem em casas separadas (por exemplo, não é necessário pagar dois condomínios ou acender duas luzes para iluminar a mesma sala). - Filhos: o futuro genético do casal fica definitivamente interligado através dos filhos. As obrigações e o amor pelos filhos podem ajudar a segurar um relacionamento oco. - Relacionamentos com familiares dos dois lados. O relacionamento com os familiares do cônjuge podem ajudar a manter ou a acabar com o casamento. - Sentido na vida. Geralmente há uma redefinição psicológica e social daqueles que se casam. Cada cônjuge, em certa medida, incorpora o outro ao seu eu: eles deixam de ser “eu” e “tu” e passam a ser “nós”. - Identidade pessoal: cada cônjuge passa a definir-se conceber-se como “marido” ou “esposa”, “pai”, “genro” ou “nora”. Essas definições têm consequências psicológicas e práticas (ajuda mútua, lazer, apoio psicológico e social, etc.). - Consequências legais: o casal passa a funcionar como uma unidade jurídica: assume direitos e deveres legais. - Divisão de tarefa: muitos esposos acabam se especializando em atividades práticas e sociais complementares: pagar as contas, supermercado, levar os filhos à escola, lembrar datas comemorativas, etc. - Unidade social: o casal passa a ser visto como uma unidade social: por exemplo, ninguém pensaria em convidar apenas um deles para uma festa ou viagem. - Companhia. Só a presença do outro cônjuge, mesmo quando o relacionamento já está oco, ainda faz diferença: sensação que está casado, segurança de poder contar com alguém em caso de muita necessidade, etc. - Medo de não conseguir outro relacionamento. O seu relacionamento está oco? Procure a ajuda de um psicólogo. NOTAS 1- AMÉLIO, A. O esvaziamento é a principal causa das separações. ailtonamélio.blog.uol.com.br (postado em 30/07/2014) 2- LEVINE, R.; SATO, S.; HASHIMOTO, T.; VERMA, J. Love and marriage in eleven cultures. Journal of Cross-Cultural Psychology, v. 26, No. 5, p. 554-71,1995. 3- STERNBERG, R. J. and GRAJEK, S. (1984). The nature of love. Journal of Personality and Social Psychology, 47, 312 – 329.

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