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terça-feira, 17 de abril de 2012

A Experiência do Envelhecer

Tempo A experiência do envelhecer Há diversas formas de encarar o envelhecimento. A Psicologia analisa os vieses deste fenômeno natural em diferentes culturas e compreende as formas de enfrentamento e as peculiares vicissitudes Por Mário Guilherme Braga O acentuado envelhecimento da população tem sido abordado e discutido por diversos ramos científicos e, entre eles, destacam- se os ramos das Ciências Humanas e Sociais: Psicologia, Sociologia, Antropologia dentre outros, de modo a tentar compreender o significado desta experiência singular (Motta & Aguiar, 2007). A velhice é definida pela Organização Pan- -Americana de Saúde e referendada pelo Ministério da Saúde como um processo constante, individual, irreversível, comum a todos os seres vivos, esperado, de deterioração progressiva. Nos Estados Unidos, os indivíduos atravessam a fronteira da "velhice" aos 60 anos de idade (Morais, 2008). No Brasil, é também neste período que os indivíduos adentram em uma nova fase da vida, marcado pela experiência e sabedoria, cujo reconhecimento da mesma é validado em leis específicas que regulamentam os direitos daqueles que trazem uma vasta bagagem como aprendizado. Podemos citar aqui o Estatuto do Idoso, que garante gratuitamente transporte coletivo público ou semipúblico a partir dos 65 anos de idade. Há descontos de no mínimo 50% em eventos recreativos aos 60 anos de idade e o direito a um salário mínimo a partir dos 67 anos de idade se comprovada invalidez deste ou incapacidade familiar de seu sustento (Estatuto do Idoso, lei nº10741 de outubro de 2003). "No Japão, envelhecer apresenta um significado singular, traz consigo o valor latente de sabedoria, maturidade e expansão espiritual" Olhando para trás Se voltarmos um pouco na história, encontramos o significado do termo velhice que caracterizava no século XIX, na França, pessoas que não podiam assegurar seu futuro financeiro, designando-se, como velho, vieux, ou velhote vieillard, aqueles que não tinham status social, enquanto idoso traduzia-se personne âgée, ou seja, aqueles que viviam socialmente bem. Já no século XVIII, a palavra velhice não possuía conotação pejorativa, sendo utilizada para denominar os indivíduos que possuíam poder aquisitivo e cuja imagem se associava a "bom pai" ou "bom cidadão". Naquele tempo, a velhice só existia para aqueles que estavam situados na camada mais rica da sociedade e podiam vender sua força de trabalho (Peixoto, 1998). Sendo assim, nota-se que o termo velhice traz em si um valor e um contexto cultural. Nota-se que cada nação revela valores peculiares e por vezes paradoxais, que pode possibilitar a melhoria da qualidade de vida da população idosa ou seu adoecimento, a posteriori. No Japão, por exemplo, envelhecer apresenta um significado singular, traz consigo o valor latente de sabedoria, maturidade e expansão espiritual. Os idosos japoneses são respeitados e consultados sobre decisões familiares cruciais, e desvalorizá-los significaria uma desonra sem tamanho, digno de desaprovação social (Davidoff, 2001). De acordo com a mesma autora, os EUA, que se caracterizam por uma cultura capitalista e pragmática, cultiva-se a beleza e a juventude. Nela, o envelhecer traz consigo a ideia de fraqueza, impotência e desvalorização, o que resulta em determinadas consequências culturais: idosos com maiores possibilidades de adoecimento; de modo que uma patologia pode vir a se instalar mais rapidamente, como uma depressão, que atualmente revela-se o mal do novo século, entre outras psicopatologias, como os transtornos de ansiedade e em casos extremos, o suicídio. No Brasil ainda não há durante a Graduação, embasamento teórico e prático suficiente sobre a singularidade dessa etapa, uma vez que não se aplicam conteúdos específicos que favoreçam o aprofundamento na área da Gerontologia, fragilidade, reabilitação e o enfoque na melhor qualidade de vida do idoso. É preciso enfatizar a importância de uma vida social com vínculos de apoio suficiente; possibilidade de autonomia para gerenciar a própria vida, a capacidade de o idoso vestir-se sozinho, alimentar- se, cuidar da própria higiene; possuir suporte familiar de modo a garantir adequada atenção, afeto, independência financeira, de forma que todas essas possibilidades facilitem ao idoso, uma melhor qualidade de vida. Tais conteúdos se encontram insuficientes na graduação brasileira (Motta & Aguiar, 2007). Para compreendermos o envelhecimento da população brasileira, tomemos como exemplo a capital do Paraná. Segundo dados do IBGE, 2000, residiam na cidade de Curitiba, cerca de 1.587.315 habitantes de todos os bairros da capital e centro, dentre eles na terceira idade (60 a 79 anos) 118.684 habitantes, de modo que 49.720 eram do sexo masculino e 68.964 do sexo feminino, representando 7,47% da população total. Com 80 anos ou mais, somavam 14.935 habitantes, de forma que 4.887 eram do sexo masculino e 10.048 do sexo feminino, o que representou 0,94% de toda população curitibana. Ao se somar o percentual idoso (60 anos ou mais) temse 133.619 idosos, o que representou 8,41% da população dessa capital. Sendo assim, diante de uma população cada vez mais madura, faz-se necessário garantir à mesma, não só uma sobrevida maior como também melhor qualidade. Ciência Multidisciplinar Embora os estudos atuais sobre essa etapa vital sejam numerosos, a Psicologia começou a trilhar os primeiros passos de pesquisa nessa área a partir da década de 60, com a progressão contínua de idosos em todo o Brasil e no mundo, o que favoreceu o aumento de trabalhos científicos na área, que passou de 160 estudos em 1966, para 3651 apenas no primeiro semestre de 2002 (Peixoto, 1998). A Psicologia ampliou seu campo de atuação e adentrou na área da saúde, lazer, educação, sociabilidade, família, comunidade, reabilitação e tratamento, tendo a união de enfoques multidisciplinares como a Sociologia, a Antropologia, a Pedagogia (Motta & Aguiar, 2007). Expectativa de vida Segundo o IBGE, em 2050, a expectativa de vida nos países desenvolvidos será de 87,5 anos para os homens e 92,5 para as mulheres (contra 70,6 e 78,4 anos em 1998). Já nos países em desenvolvimento, será de 82 anos para homens e 86 para mulheres, ou seja, 21 anos a mais do que hoje, que é de 62,1 e 65,2. O número de idosos no planeta jamais foi tão grande em toda a história. A maioria deles concentrada no continente europeu. Em 1995, já eram 578 milhões. Até 2025, o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) Percebendo o Envelhecer Estudos de pessoas centenárias marcaram a atuação do Psicólogo na prática social e desse modo, os fatores: atividade física, envolvimento social, estilo de vida saudável, ter metas na vida, acreditar na capacidade de gerenciar-se, ser capaz de investir no aperfeiçoamento da saúde, na capacidade cognitiva e nas relações sociais tornaram-se preponderantes para a chamada 'boa velhice' (Vecchia, 2005). De acordo com o pesquisador, foi realizado um estudo sobre a qualidade de vida com 365 idosos. Os resultados revelaram que aqueles que apresentaram melhor qualidade de vida expressaram o quanto consideravam importante preservar os relacionamentos interpessoais, manter a boa saúde, ter equilíbrio emocional, ter momentos de lazer, trabalhar com prazer, praticar a caridade, vivenciar a espiritualidade, ter acesso ao conhecimento, possuir um ambiente favorável e ter acumulado bens materiais durante a vida. Diante da abrangência do tema, a Psicologia demonstra melhor compreensão e aprofundamento da prática social, antropológica e clínica, e assim, favorece a prática psicoterapêutica, de maneira que revelou que uma mesma experiência pode ser percebida ou sentida de modo singular por cada pessoa que a vivencia (Barach & Dreiblatt, 2003). Muitas vezes os idosos se desorganizam diante de uma situação como o envelhecimento, outros revelam conformismo, passividade e dependência alheia, embora existam aqueles que revelam independência para realizar atividades cotidianas, muitos trabalham em alguma atividade comunitária, religiosa ou empregatícia, o que favorece a longevidade (Davidoff, 2001). Para as mulheres, relatou esta autora, envelhecer significa perda de status e medo da solidão e da rejeição, o que pode favorecer o surgimento de doenças como a depressão, e entre homens, pode haver momentos prolongados de dúvida e insatisfação. De modo geral, após os 60 anos de idade, todas as pessoas tendem a rever todo o percurso das próprias existências e realizam um retrospecto sobre as coisas que fizeram e sobre aquelas que deixaram. Para as mulheres, envelhecer significa perda de status e entre os homens, surgem momentos de dúvidas e insatifação Muitas pessoas encaram o envelhecer de forma positiva. Há aquelas que se envolvem em ações comunitárias, outras se relacionam com a religião. E, muitas, continuam trabalhando, mesmo aposentadas Assim, quando a vida aproxima-se de seu término, o idoso enfrenta sua última crise, a integridade versus desesperança. Tais sensações são ressignificadas de duas formas. Ou o idoso olha para trás e vê que sua vida valeu a pena, sente-se satisfeito e feliz com a vida que construiu e elabora essa experiência como positiva, ou seja, que valeu a pena viver, fechando em si a experiência de integridade, ou, se o idoso fizer um balanço negativo de sua existência e perceber que não valeu a pena viver e que sua vida não apresentou sentido, sente- se desesperançado e elabora a morte futura como aterrorizante. Tal teoria originou-se de Erik Erikson e foi contemplada por diversos autores (Cloninger, 2001). Independentemente de como o idoso ressignifique o seu próprio existir, é fundamental que os profissionais de saúde envolvidos no cuidado do idoso busquem a ampliação de sua própria formação e reflitam constantemente sobre como as pessoas podem desfrutar da velhice de modo mais produtivo, em busca de maior e melhor qualidade dos próprios vínculos; o que resulta na melhoria da qualidade de vida. É indispensável que o psicólogo saiba atuar e intervir nas diversas situações que envolvem esse momento de vida, intervindo na saúde e na prevenção bem como na ocorrência de adoecimento e na reabilitação. BARACH, Z & DREIBLATT, N. Introdução à Prática Psicoterapêutica. EPU, 1980. 8ª Reimpressão. 2003 CLONINGER, S.C. Teorias da Personalidade. Porto Alegre: Martins Fontes. 2001 DAVIDOFF, L.L. Introdução à Psicologia. 3ª Edição. São Paulo: Makron Books. 2001 ESTATUTO DO IDOSO, Lei nº. 10741 de Outubro de 2003. Disponível em http://www. planalto.gov.br IBGE CENSO DEMOGRÁFICO 2000. População. Disponível em www.curitiba.pr.gov.br Acesso em 14 fev. 2009. www.scielo.br Digitar a palavra "terceira idade" (VECCHIA, 2005: Qualidade de vida na terceira idade: um conceito subjetivo); Digitar a palavra intersetorialidade (MOTTA & AGUIAR, 2007: Novas competências profissionais em saúde e o envelhecimento populacional brasileiro: integralidade, interdisciplinaridade e intersetorialidade). MORAIS, RODRIGUES & GERHARDT, Os idosos mais velhos no meio rural: realidade de vida e saúde de uma população do interior gaúcho (2008). Texto contexto, Florianópolis, v. 17, n. 2, jun. 2008. Acesso em: 18 dez. 2009). PEIXOTO, C. Entre o estigma e a compaixão e os termos classificatórios: velhos, velhote, idoso, terceira idade. In: Moraes M, Barros L, Debert G, Peixoto C. Velhice ou terceira idade?. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas; 1998. p. 69-84. e Braga é graduado em Psicologia pelo Universitas - Centro Universitário de Itajubá-MG, atuante em Psicologia Clínica no sul de Minas Gerais.

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