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domingo, 25 de março de 2012

Limites

LIMITES Em termos de cultura, todos nós recebemos como herança educacional elementos de autoritarismo, opressão e repressão. Em algumas famílias não se podia conversar, falar, olhar, dizer não, perguntar, referir-se a pai e mãe, que seria considerado falta de respeito. Na tentativa de não repassar este tipo de educação para outras gerações, busca-se criar uma educação mais libertadora. Mas o que seria essa educação mais libertadora? Uma educação onde o aprender a conversar seja buscado, onde o ouvir o outro marque sua presença, onde o sentimento seja legitimado e lidado, onde haja liberdade de ser e o respeito, responsabilidade, autoridade sejam bem definidos e ocupados de acordo com os limites e contingências de cada papel. Há algum tempo atrás, a questão dos limites ficou associada à: punição, castigo e, neste sentido deveria ser evitado ou até mesmo banido. A psicologia ajudou a repensar esta questão, ressaltando a importância de que os limites sejam dados, que pai e mãe ocupem seu papel de orientadores, de comando na educação dos filhos. Existe uma certa informação popular que paira e envaidesse alguns, de serem “mais” do que pai e mãe dos filhos: são amigos destes. Claro que o respeito, consideração, solidariedade presentes na amizade, são importantes na relação pais e filhos. Mas essa relação deve ser, principalmente, caracterizada como: pai, mãe e filho. Não é uma relação de troca, no sentido de igualdade de papéis, como é a amizade. Acredito até que quando adultos essa relação pode vir a ser de amizade; se na infância e adolescência, o filho recebeu aquilo que precisa receber dos pais: sentir-se: amado, cuidado, considerado, valorizado, orientado e muitas vezes comandado. Quando uma criança sabe onde está pisando e até onde pode ir, sente-se mais segura. Aprende a lidar com seus impulsos e emoções. E pode decidir aquilo que tem maturidade para avaliar. Sentindo-se cuidado, tende a ter maior estrutura em termos de segurança afetiva. Os limites também dão noção do outro, de que ele existe e também deve ser considerado. Atravessamos um período marcado pelo individualismo, hedonismo, culto ao prazer desconectado da responsabilidade; do imediatismo. “Eu estou com vontade eu faço, isto me dá prazer danem-se os outros”. Os limites marcam a realidade de cada relação e estrutura social, ajudando a criança a compreender e introjetar valores. São atitudes que revelam dificuldades em se dar limite: 1- insistência – “Filho vai tomar banho, filho vai tomar banho, filho vai tomar banho...”. 2- perder a paciência e agredir - Dando assim um modelo de autoritarismo, de desigualdade de condições, de covardia, de violência; 3- nada fazer, ignorar – continuar lendo seu jornal enquanto a criança sobe em cima do sofá, da mesa... Fornecendo assim um modelo de abandono. 4- explicações exageradas – “Mãe, porque eu preciso escovar os dentes? Você precisa escová-los porque senão virão umas bactérias comerão o resíduo alimentar, formarão uma placa chamada placa bacteriana, fazendo um buraco que é a cárie, você sentirá dor e teremos que ir a um dentista que irá obturar o dente”.As explicações são importantes, mas devem ser dadas com simplicidade, objetividade na medida da curiosidade do outro. 5- zanga prolongada – A pessoa que é autoridade zanga com a criança por fazer algo que não deveria. Periodicamente, volta ao assunto mesmo que ele não esteja no contexto, fazendo assim uso da situação para que a criança se sinta culpada pelo feito, vitimando a autoridade. 6- nomear entidades utilizando-se de situações que provoquem medo para “frear” a criança ou passar a responsabilidade para o outro – “O homem do saco vai te pegar”; “Quando seu pai chegar você vai ver”; “Resolve isto com sua mãe e me deixa ver televisão”, etc; O conflito de cada relação deve ser resolvido no âmbito desta. 7- chantagear – “Se você tomar injeção eu te dou um sorvete”. Fortalecendo a insegurança da criança, reconhecendo que aquilo que ela se submeterá é tão insuportável, que ela não tem estrutura para lidar e precisa ser aliviada. Quem ocupa o papel de comando não consegue segurar a “rédea” da situação. Desta forma, a criança não tem a dimensão real da dor, nem se fortalece conhecendo suas possibilidades e potencialidades para lidar com a situação e, sente que a autoridade não ocupa seu espaço, portanto o “trono” está vazio e pode ser ocupado. Abre caminho também para que a criança utilize a chantagem para obter aquilo que deseja. A criança pode ser confortada, sentir que o outro está junto com ela na dor, não negando-a, nem subestimando ou super valorizando. Assim sendo, sente-se cuidada. 8- ameaçar o filho com a perda do amor ou abandono – “Vou embora e vou deixar você aí, vai ficar sozinho”.Nada mais cruel e danoso para a criança que faz de tudo para obter o amor dos pais e sentir-se valorizado. 9- comparações ou comentários negativos na presença de outros – “O filho do fulano não está chorando...” Reforça a menosvalia e insegurança da criança, uma vez que além da pessoa não ser clara no comentário (“Eu gostaria que você fosse ou estivesse quieta como o filho do fulano”), faz com que, a criança sinta-se não aceita, desconsiderada na sua percepção e muitas vezes sem condições de defender-se. O ser claro no comentário faz com que a responsabilidade da situação volte para a relação de conflito. A criança pode lidar com os limites de diversas formas. Ela utilizará as armas que terá em cada relação: através de choro, raiva, pirraças, dengo; comportamentos infantilizados; comparações ou tentará negociar. Muitas vezes nesta situação fazendo com que os pais ou outras figuras de autoridade, reconsiderem, reavaliem uma determinada regra. À medida que irá crescendo é importante que também vá conquistando mais este espaço, de poder decidir sobre sua vida. Os pais também vão aprendendo a fazer esta passagem de: fazer pela criança, serem supervisores, orientadores e amigos. Educar é um processo difícil, de aprendizagem, de avaliação constante, de reconstrução de valores, de acertos e erros, a ser vivido e construído junto com o outro.

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