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terça-feira, 3 de julho de 2012
Três maneiras de destruir o seu relacionamento amoroso
Três maneiras de destruir o seu relacionamento amoroso
Há uns trinta anos atrás, era bem mais difícil terminar um casamento do que agora. Naquela época, este tipo de relacionamento era mais protegido por várias “barreiras externas”: leis, opinião publica, religião, econômicas (a mulher tinha menos independência econômica), etc. Atualmente, para a separação, se não existirem complicações, basta o casal comparecer a um cartório, acompanhado de um advogado, quase com a mesma facilidade de uma Las Vegas ao contrário!
Essas dificuldades para terminar o relacionamento operavam para o bem e para o mal. Para o bem: como as pessoas sabiam que ia ser difícil sair da relação, elas cuidavam mais dela. Afinal ninguém gosta de criar o inferno para viver nele. Agora, prevalece a filosofia: “Não deu certo? Descarta e inicia outra”. Para o mal: muitos casamentos terríveis duravam a vida toda porque era muito difícil terminá-los.
Recentemente essas barreiras externas se enfraqueceram. Agora, mais que nunca, o relacionamento perdura ou termina, progride ou fica estagnado dependendo daquilo que acontece entre os cônjuges .
Estudos sobre a qualidade e durabilidade dos relacionamentos
Quais são os principais problemas que fazem o relacionamento perder a qualidade e até mesmo terminar? Essa é uma pergunta que os psicólogos vêm se fazendo há muito tempo.
Dois tipos de estudo são usados para tentar responder essa questão: (1) estudo “transversal” – são medidas várias características de casais e os seus graus de satisfação. São calculadas as correlações entre esses dois tipos de fatores. (2) Estudo “longitudinal”: casais são acompanhados por muitos anos e, de tempo em tempo, são testados, entrevistados e observados para tentar elucidar as diferenças entre aqueles que têm relacionamentos felizes e duradouros e aqueles que têm relacionamentos insatisfatórios ou terminam. Os pesquisadores tentam, dessa forma, identificar os fatores que contribuem para que os relacionamentos deem certo ou errado.
Vamos destacar aqui três fatores, apontados pelos dois tipos de estudos mencionados acima, que estão entre os mais associados com o sucesso ou fracasso dos relacionamentos.
Três motivos do fracasso dos relacionamentos
1- Esvaziamento
O esvaziamento acontece quando um ou ambos os membros do casal perdem o interesse pelo outro: não sentem amizade, romantismo ou atração sexual, não têm prazer em conversar com o outro. Ou seja, o relacionamento perdeu o sentido. Só estão juntos devido às implicações negativas que teria uma separação.
Alguns autores afirmam que, atualmente, este é o principal motivo das separações, tendo superado, inclusive, as traições como causa da dissolução dos casamentos!
Os principais motivos do esvaziamento são os seguintes:
- Diminuição da novidade proporcionada pela outra pessoa. A quantidade de novidade que uma pessoa apresenta para a outra diminuiu naturalmente à medida que elas vão se conhecendo. No entanto, sempre é possível manter um bom nível de novidade, porque as pessoas são naturalmente mutáveis: as nossas ideias, motivações e emoções mudam continuamente. Um dos maiores motivos para a diminuição drástica desse tipo de novidade acontece quando a pessoa deixa comunicar ou de levar para o relacionamento as alterações que estão ocorrendo frequentemente com ela e, por isso, ela dá a impressão que é mais previsível do que de fato é.
- Engessamento. Este fenômeno tem duas causas: (1) os cônjuges passaram a repetir aquilo que deu certo anteriormente no relacionamento com o outro. Essa forma de agir instala a mesmice e a chatice no relacionamento! (2) Os cônjuges acham que já conhecem tudo sobre o outro e, por isso, diminuem suas atenções para o outro. É um erro concluir que já conhecemos muito bem a pessoa com quem convivemos: alguns estudos mostram que mesmo os casados há muito tempo só conhecem cerca de 50% sobre o outro.
- Mudanças indesejadas: um ou ambos os cônjuges mudaram o jeito de ser e, por isso, se distanciaram daquilo que interessava ou era admirado pelo outro. Existem dois tipos de mudanças que têm esse efeito: (1) Mudança de expectativa: o cônjuge mudou aquilo que aprecia e, por isso, deixou de valorizar aquilo que anteriormente achava interessante no seu parceiro amoroso. Por exemplo, aos 18 anos, a namorada adorava a rebeldia e a forma de vestir do namorado. Agora, 20 anos depois de casados, ela não valoriza mais esses atributos, mas o marido continua o mesmo. Ela diz, criticamente, que ele tem a “síndrome de Peter Pan” – congelou no tempo, não amadureceu e ficou sem graça. (2) As expectativas continuam as mesmas, mas o cônjuge mudou em uma direção indesejada. Por exemplo, ele era dinâmico e ousado e foi ficando acomodado e conservador.
- Perda da atração romântica e sexual pelo parceiro. A união conjugal difere de outros tipos de relacionamentos íntimos (amizade, parentesco, etc.) porque nela há romantismo e atração sexual entre os cônjuges. Quando essa atração se torna muito fraca, o relacionamento perde a sua identidade conjugal e fica muito parecido com os outro tipos de relacionamento. Isso ainda é mais problemático quando surge atração romântica ou sexual por outra pessoa. A diminuição do romantismo e atração sexual entre os cônjuges acontece quando eles deixam de se posicionar romântica e sensualmente com o outro (flertar, namorar, posicionar-se como homem e como mulher, etc.).
- Perda da cumplicidade. Uma das melhores coisas de um relacionamento amoroso é a aceitação incondicional por parte do parceiro que é manifestada pela sua amizade, apoio, companheirismo e conversas animadas. Infelizmente, em muitos casos, tudo isso se torna muito fraco ou deixa de existir. Quando esse enfraquecimento acontece, sempre que o casal está junto, os cônjuges estão fazendo outras coisas porque não há mais sobre o que conversar .
2- Traição
A traição é um acontecimento muito grave para a maioria dos casamentos e pode levar ao seu término. Um estudo intercultural, realizado pela antropóloga Laura Betzig em 160 culturas1, mostrou que a traição era a causa mais citada, dentre os 43 motivos para a dissolução do matrimônio apurados nesta pesquisa.
As chances de a traição levar ao término do relacionamento são maiores quando o casamento não tem uma boa base que sirva para segurar o baque provocado por esse acontecimento. A estrutura do relacionamento é como a base de um edifício que pode ou não aguentar um terremoto.
A traição produz dois tipos de consequências para o relacionamento: (1) internas – quem trai pode se distanciar do parceiro. O seu amor pode diminuir e o fato de fingir e dissimular o que está se passando tem um efeito degradante para o traidor. (2) Existe o risco de ser pego e daí decorrer todas as consequências que tipicamente acontecem nesta ocasião: brigas, represálias e a separação.
3- Brigas frequentes ou destrutivas
As brigas são normais em todos os relacionamentos duradouros. No entanto, certos tipos e frequências de briga têm efeitos corrosivos no relacionamento. John Gottman2 aponta quatro tipos de briga que podem destruir um relacionamento: (1) Criticismo: ao invés de apresentar uma reclamação específica, o parceiro enumera tudo aquilo que ele acha errado no outro ou naquilo que o outro vem fazendo. Essa lista pode incluir tudo aquilo que foi feito de errado desde o inicio do relacionamento. Tem gente que é uma boa neste tipo de catalogação. (2) Defensividade: quando um parceiro começa a apresentar uma reclamação o outro, ao invés de prestar atenção no que ele está dizendo para entender melhor a reclamação e verificar se ela é legitima, passa a pensar na forma de defender-se ou de contra-atacar (“crítica cruzada”). (3) Desrespeito: atacar a honra, o caráter as boas intenções do outro. Dizer coisas como você não presta, você é bundão , você não é confiável. (4) Insensibilidade: concluir que não vale a pena ouvir o que o parceiro tem a dizer e passar a ignorar toas as suas queixas ("Entra por um ouvido e sai pelo outro").
Você está usando alguma dessas três maneiras para destruir o seu relacionamento? É isso mesmo que você pretende? Se você está em dúvida ou nao deseja agir assim, procure a ajuda de um psicólogo
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