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domingo, 16 de dezembro de 2012

Livro "Cinquenta tons de cinza" deveria ser visto somente como ficção

Livro "Cinquenta tons de cinza" deveria ser visto somente como ficção Tatiana Ades Cinquenta tons de cinza - "O livro mostra a questão da submissão e poder como algo extremamente contagiante, extasiante, glamouroso até... é como se esse contrato de poder desse à personagem uma identidade de mulher resolvida" Ao ler o livro Carrasco do Amor do renomado psiquiatra americano Irvim D. Yalom, deparei-me com uma afirmação muito interessante: ele refere-se ao psicoterapeuta como sendo uma espécie de carrasco do amor. Isso porque precisamos ser racionais ao percebermos quando um amor obsessivo e prejudicial deve ser “quebrado”; deve-se revelar ao paciente o lado obscuro das paixões avassaladoras e mostrar a ele o conflito existente; tirando a falsa magia e crença que o mesmo depositava nesse amor idealizado. Sinto-me um pouco carrasca do amor, mas sei que esse processo é necessário para que o paciente consiga se liberar de amarras obscuras e entregar-se de corpo e alma em um amor saudável e digno. Mais uma vez toco no assunto do amor patológico, pois a cada dia percebo mais amores destrutivos, platônicos, obsessivos, relações sadomasoquistas emocionais, jogos de poder, brigas e discrepâncias. Me questiono, cada vez mais, o quanto a sociedade atual não interfere nesse amor ilusório e rápido e o quanto somos todos carentes por um par que nos complete. É como se as pessoas buscassem no outro uma idealização e não uma completude saudável. Numa via oposta, o fio condutor desses relacionamentos se traduz em brigas constantes, em tratar mal o outro e a imensa falta de amor próprio. Afirmo sempre que amar-se em segundo lugar é esquecer-se de si mesmo, de suas metas de vida, de suas vontades, ambições, méritos e conquistas. Amar o outro em primeiro lugar é deixar espaço para esquecer-se de que somos uma unidade (inteiros, pessoas que se bastam sem precisar do outro) e acabamos por doar nossos sonhos ao outro, ao “ser amado” e essa falta de amor próprio só poderá nos fazer sofrer cada vez mais. Gostaria de citar o tão famoso livro erótico “Cinquenta tons de cinza”, de Erika Leonard James, uma ficção, mas há de se pensar no comportamento humano sempre e questionar por que a histeria coletiva se formou em torno desse assunto. Li o livro para tentar entender a euforia de mulheres se esbarrando em livrarias na ânsia de comprá-lo. Não irei me concentrar em palavras sobre a sua escrita, ou julgamentos pessoais, apenas darei a minha visão sobre essa histeria em massa. No livro, uma moça de 24 anos, atrapalhada e virgem, apaixona-se por um homem jovem, milionário e lindo, e acaba se envolvendo num jogo de poder onde ela assina um contrato de submissão: aceita ser escrava do príncipe encantado e iniciar uma trajetória em busca do prazer e do amor que nunca teve. O livro mostra a questão da submissão e poder como algo extremamente contagiante, extasiante, glamouroso até... é como se esse contrato de poder desse à personagem uma identidade de mulher resolvida. A mulher que se ata ao homem dominador, o homem que a maltrata, porém a ama e cuida dela. Desculpem-me os 50 tons de cinza, mas esse vínculo amoroso descrito no livro me soa muito mais como 50 tons de desamor, desamparo e falta de amor próprio. Não pretendo entrar no lado do fetiche sexual, estou questionando o lado de força que os personagens ganham, como dois super-heróis frágeis e doentes sendo mostrados como heróis excitantes e perfeitos na forma de saber dar e receber prazer e afeto. Mulheres solteiras, casadas, comprometidas, suspiram enquanto leem uma história com vínculos perversos e a ficção começa a se transformar numa necessidade de realidade, a realidade que elas queriam para si mesmas, o desejo pela submissão, pelo homem poderoso e dominador, pelo jogo e pela redenção. Perigoso? Talvez para quem não leia como uma simples ficção, mas para quem realmente acredite em super-heróis que precisam de amarras e controle; para quem enxerga na sedução de amar uma arte perigosa e essencial. Num mundo onde dezenas de pessoas passam pelo vicio do amor patológico no qual ocorre dor interna, sensação de desamparo, atos suicidas, baixa autoestima... só posso concluir que o tipo de amor citado no livro é o verdadeiro amor carrasco. Voltando a Yalom, ressalto que ainda bem que existimos nós “carrascos do amor” para mostrarmos a essas pessoas que o amor saudável é a única forma de termos paz, liberdade, amor próprio e certamente 50 tons de alegria

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