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segunda-feira, 1 de julho de 2013

Clássicos literários levam à reflexão e ao aprimoramento pessoal

Clássicos literários levam à reflexão e ao aprimoramento pessoal Marina Oliveira e Rita Trevisan A Cidade e as Serras, Eça de Queirós (Editora Martin Claret): Jacinto leva uma boa vida em Paris, sustentada pela sua herança familiar. Porém, em determinado momento ele começa a se decepcionar com a superficialidade das pessoas com quem convive e até com as tecnologias que o deixam na mão. Entediado, se muda para a propriedade rural da família, numa região serrana de Portugal. Nesse estilo de vida mais simples ele descobre um novo sentido para a existência, que o faz mais feliz. "Em 1901, este livro já fala sobre o consumismo, o desespero louco de adquirir tudo o que a ciência pode fornecer e de como isso contribui para uma sociedade fútil, pregando abertamente que o homem precisa se voltar para as coisas mais simples da vida", destaca Juliano. Divulgação Quem nunca se pegou pensando sobre a vida, seus relacionamentos ou o mundo ao redor depois de terminar um bom livro? Além de ser um prazer, a literatura também traz subsídios para profundas reflexões. Em tempos modernos, os livros de autoajuda surgiram para orientar as pessoas objetivamente a lidar com os próprios problemas. No entanto, a leitura de clássicos literários pode levar a uma experiência muito mais produtiva de desenvolvimento pessoal. "Os livros de autoajuda são criticados porque se fecham em um único sentido. Já a literatura abre para a interpretação de cada um. Cada leitor vai tirar as suas próprias conclusões acerca de uma obra, de acordo com as experiências pessoais e o repertório cultural", defende Filomena Elaine Paiva Assolini, professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, em Ribeirão Preto. Na literatura clássica, em muitos casos, a mensagem não chega ao leitor de maneira tão explícita e requer certo esforço de interpretação. "Nestas obras, a mensagem pode ser dada pelo avesso, ou seja, mostram o que não se deve fazer a partir do desenvolvimento de um personagem que agiu de determinada maneira e se deu mal", explica Roberto Juliano, professor de literatura do Cursinho da Poli. "É justamente por conta dessas características, dessa complexidade, que os clássicos nos instigam a pensar", completa. Com a ajuda de especialistas em literatura, montamos uma lista de livros clássicos que valem a pena pela narrativa, mas também pela reflexão que propõem. Dom Casmurro, Machado de Assis (Editora Lafonte): conta a história de Bentinho e Capitu, que se conhecem ainda crianças e se casam na idade adulta. O ciúme é o tema da narrativa. Quando nasce o filho do casal, o protagonista enxerga muitas semelhanças entre a criança e seu melhor amigo, o recém-falecido Escobar. Desconfiado da traição e sem provas, mas atormentado pelo ciúme, Bentinho destrói a família e o casamento. "A obra provoca um debate imenso entre os leitores sobre a culpa ou não de Capitu, mas o fato é que o ciúme conduziu o personagem à loucura e isto destruiu a vida dele e tudo o que ele tinha construído", diz Juliano. A Metamorfose, Franz Kafka (Companhia das Letras): trata da vida do caixeiro-viajante Gregor Samsa que, numa determinada manhã, acorda e se vê transformado num inseto indefinido, mas asqueroso. A partir daí, ele passa a ser desprezado pela família, é mandado embora do emprego e perde toda a importância social que tinha. "Trata-se de um livro interessante para basear uma discussão mais profunda sobre o sentido da exclusão e da opressão. É uma obra densa, que leva à reflexão sobre a condição humana na modernidade, em que as pessoas só têm valor enquanto produzem", afirma Ana Lúcia Trevisan, professora de literatura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. A Cidade e as Serras, Eça de Queirós (Editora Martin Claret): Jacinto leva uma boa vida em Paris, sustentada pela sua herança familiar. Porém, em determinado momento ele começa a se decepcionar com a superficialidade das pessoas com quem convive e até com as tecnologias que o deixam na mão. Entediado, se muda para a propriedade rural da família, numa região serrana de Portugal. Nesse estilo de vida mais simples ele descobre um novo sentido para a existência, que o faz mais feliz. "Em 1901, este livro já fala sobre o consumismo, o desespero louco de adquirir tudo o que a ciência pode fornecer e de como isso contribui para uma sociedade fútil, pregando abertamente que o homem precisa se voltar para as coisas mais simples da vida", destaca Juliano. Hamlet, William Shakespeare (L&PM Editores): narra a história do Príncipe Hamlet, que busca a todo custo vingar a morte de seu pai, executado pelo tio e, que após envenenar o irmão, toma o trono e casa-se com a viúva dele. Tomado pelo desejo de dar o troco ao vilão, o personagem que dá nome à obra acaba entrando em um processo extremamente destrutivo. "O Hamlet não é libertado nem pelo amor. O que o conduz é a vingança que, no fim das contas, o arrasta para a destruição. A reflexão é sobre a adequação ou não de se agir tomado por um sentimento como esse", analisa Silvio Pereira da Silva, professor e da Universidade Metodista de São Paulo. Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis (Editora Globo): a narração é feita por um morto que resolve escrever suas memórias. Por não estar mais preocupado com o julgamento dos vivos, o defunto-autor diz tudo o que sempre teve vontade. "Brás Cubas revela ironicamente as vantagens da morte, quando se pode ser realmente autêntico, pois se está livre das amarras da sociedade. Em geral, as pessoas tendem a mostrar uma face só, a mais feliz e positiva, e guardar a outra, mas todos temos dois lados. Essa reflexão poderia ser retomada e atualizada em tempos de redes sociais", sugere Fernando Thomaz, professor de literatura da rede Singular Anglo ABC. Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa (Editora Nova Fronteira): o ex-jagunço Riobaldo, que agora vive na tranquilidade de uma fazenda, narra a sua vida a um jovem que chegou às sua terras recentemente. Ele conta sobre suas lutas, medos e, principalmente, sobre seus amores, inclusive os reprimidos. "A obra fala muito sobre a solidão e sobre a tentativa de investigarmos os próprios problemas. O protagonista vai tentando entender a terra, a sua vida e a sua origem. O foco narrativo não é o sertão, mas este homem que se depara com a sua própria história e quer entendê-la mais a fundo", resume Filomena Elaine Paiva Assolini, professora da USP. Crime e Castigo, Fiódor Dostoiévski (Editora 34): é a história de Raskólnikov, um jovem estudante pobre que invade a casa de uma agiota com o propósito de fazer um penhor. Porém, num ímpeto, ele acaba matando a usurária e também a irmã dela, com quem encontra inesperadamente quando tenta deixar a cena do crime. Dali em diante, ele passa a sofrer da culpa que sente pelo duplo assassinato e da aflição de estar sendo sempre perseguido. "É um romance que segue a linha da investigação psicológica e que nos faz refletir, de uma maneira dramática, sobre as atitudes tomadas por impulso", aponta Thomaz. Dom Quixote, Miguel de Cervantes (L&PM Editores): depois de ler muitas histórias heroicas em antigos livros de cavalaria, um homem resolve transformar-se em cavaleiro andante. Já como Dom Quixote de La Mancha, ele sai na companhia de seu fiel escudeiro, Sancho Pança, em busca de aventuras. Confuso entre a realidade e a fantasia, Dom Quixote enfrenta inimigos imaginários e se mete em muitas confusões para provar seu heroísmo. "A questão aqui é a loucura que se torna certeza: de tanto ler histórias, ele vive uma realidade paralela. Nós também agimos assim muitas vezes, sem noção da realidade, nos deixando levar pelo que lemos e ouvimos", pondera Ana Lúcia. "Dom Quixote é também um homem em busca dos seus sonhos, que preserva a coragem e o desejo de mudança que toda pessoa deveria ter", acrescenta Silvio Pereira da Silva, professor da UMESP. Ensaio sobre a cegueira, José Saramago (Companhia das Letras): uma epidemia de cegueira é o mote encontrado pelo autor para ir fundo na análise do caráter humano. Na trama, numa tentativa de conter o surto, o governo decide colocar todos os habitantes infectados em quarentena. Impotentes, abandonados e desprezados, eles passarão a mostrar suas características mais primitivas. "Esta obra leva a uma reflexão sobre a sociedade moderna, que vive apenas de rótulos, sem considerar a essência de cada um", fundamenta Silvio. Humano, demasiado humano, Friedrich Nietzsche (Companhia das Letras): a obra traz uma reunião de reflexões filosóficas sobre o ser humano e o seu papel na sociedade. "A partir de Nietzsche, fica impossível falar sobre um único argumento válido, uma única verdade. Ele tem muito a ver com o nosso momento atual, em que se discute tanto a diversidade cultural e o respeito às diferenças", diz Filomena. "No mais, este livro obriga o leitor a pensar. Ele vai ter que se perguntar o que está fazendo aqui e qual o sentido da sua existência", completa.

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