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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A timidez é uma espécie de pessimismo sobre si, sobre os outros e sobre a tarefa

A timidez é uma espécie de pessimismo sobre si, sobre os outros e sobre a tarefa Aílton Amélio A timidez moderada é um mecanismo saudável que possibilita o convívio social. Fazemos ou deixamos de fazer muita coisa porque somos afetados por aquilo que achamos que as outras pessoas vão pensar à respeito de nós e de nossas ações. Por outro lado, o excesso ou a carência de timidez produzem consequências negativas para o excessivamente desinibido (“cara de pau”, “inconveniente”) e, principalmente para o excessivamente tímido. Este pode ter sérios prejuízos em diversas áreas como a profissional, social e amorosa. As características da timidez Uma das definições mais aceitas da timidez foi apresentada por Jonathan M Cheek e Arnold H. Buss (veja a referência no final deste artigo), dois famosos pesquisadores desta área. Segundo esses autores, a timidez é a tensão e inibição que aparecem em situações sociais. Tensão. A sensação de tensão acontece devido às reações fisiológicas (contração muscular, suor, enrubescimento, etc.), emocionais (medo, apreensão, etc.) e cognitivas (pensamentos pessimistas, autoconsciência, etc.) que ocorrem nas situações intimidantes. Inibição. A inibição prejudica o desempenho do tímido. Ele se comporta de uma forma mais pobre do que é capaz: fala menos, gesticula menos, olha menos nos olhos de outras pessoas, perde oportunidades para aproveitar situações e para dar boas respostas, gagueja, etc. Situações sociais. A tensão e a inibição são provocadas pela presença de certos tipos de pessoas e de situações sociais que têm o poder de evocá-la. A timidez é o medo de gente. Medo não no sentido físico, mas o medo de ser rejeitado, humilhado ou simplesmente de não fazer uma boa figura na presença de certas pessoas. Ingredientes da timidez A timidez é composta de quatro ingredientes: fisiológico (aceleração do ritmo cardíaco, aumento de pressão arterial, ruborização), emocional (medo, vergonha, preocupação), comportamental (olhar menos nos olhos, fala monótona, propor menos assuntos) e cognitivo (preocupação com o que o interlocutor está pensando, pensamentos pessimistas sobre o próprio desempenho, pensamentos pessimistas sobre as consequências sociais dos próprios atos). Quando a timidez deve ser tratada O tímido deve procurar a ajuda de um psicólogo quando a sua timidez está provocando danos em alguma área da sua vida e ele não está conseguindo superar sozinho a sua inibição. Dentre essas áreas, aquelas onde ela causa mais prejuízo são as seguintes: Prejuízos para a autoestima. Geralmente as pessoas não gostam de ser tímidas e se julgam piores do que as outras quando não conseguem agir com desenvoltura. A nossa sociedade valoriza muito as pessoas desenvoltas, socialmente proativas e carismáticas. Por isso, os tímidos que não possuem essas características e que absorveram esses valores podem se sentir desvalorizados e se desvalorizarem. Prejuízos na área acadêmica. O tímido pode sofrer sérios prejuízos acadêmicos porque ele não consegue apresentar satisfatoriamente trabalhos escolares na frente da classe, apresentar perguntas para o professor durante as aulas e participar de trabalhos em grupo. Prejuízos na área profissional. A timidez pode ser um sério obstáculo para conseguir emprego: a timidez atrapalha seriamente o desempenho durante os processos seletivos que envolvem dinâmica de grupo, entrevistas e apresentações para bancas examinadoras. Nesta área, a timidez também pode ser um sério obstáculo para a ocupação de cargos que coloquem o tímido no centro das atenções, como chefiar equipes e participar ativamente de reuniões de chefes, gerentes e diretores. Prejuízos na área amorosa. A timidez pode impedir o início de relacionamentos amorosos e prejudicar o desenvolvimento e manutenção desses relacionamentos. A timidez é fortemente ativada pela presença de pessoas que despertam grandes interesses amorosos. Muitos tímidos só namoram pessoas que tomam iniciativas amorosas com eles. Percepções pessimistas dos tímidos A grande maioria dos temores dos tímidos não é provocada por fatos reais, mas sim, por distorções de suas percepções sobre os perigos decorrentes da sua atuação na área social. O tímido é um pessimista Ele é pessimista porque : - Exagera e interpreta mal as consequências das suas iniciativas socias. Por exemplo, o tímido imagina que: - Se abordar amorosamente uma pessoa que está o paquerando tal pessoa poderá ficar ofendida. O tímido deve saber que, de fato, uma abordagem bem feita é muito lisonjeira para quase todo mundo – melhora muito a nossa autoestima. Assim sendo é mais provável que a outra pessoa fique agradecida e não zangada com ele. - Ser rejeitado é uma prova de que ele não tem valor. A outra pessoa pode rejeitá-lo porque ele não é o seu tipo, porque ela já está amando outra pessoa, porque ela tem dificuldades para sentir atração amorosa, etc. -Exagera as qualificações da pessoa com a qual ele gostaria de iniciar um relacionamento amoroso. O tímido imagina que a pessoa que ele está interessado é maravilhosa, extremamente segura, que ela tem mil admiradores, etc. Por este motivo, para ele ser aceito por tal pessoa é um feito gigantesco. Não ser aceito é um golpe mortal, é a perda de uma oportunidade única. -Subestima as suas próprias habilidades para iniciar um relacionamento amoroso. - O tímido fica imaginando que vai falhar, que ele não é muito qualificado, que ele não conhece o ritual da paquera, que ele não vai saber manter uma conversa interessante, etc. (geralmente o tímido tem baixa autoestima). Corrigindo erros de raciocínio e percepção do tímido Erro de raciocínio: "Dois pesos e duas medidas" Um pesquisador fez duas perguntas sobre “iniciativas amorosas” para um grupo de pessoas tímidas. A primeira destas perguntas foi: “Porque você não toma iniciativas amorosas com quem te atrai?”. A grande maioria dessas pessoas respondeu que não fazia isto porque era inibida. A segunda pergunta era: “Porque muitas pessoas não tomam iniciativas amorosas com você?” A grande maioria delas respondeu: “ Porque elas não estão interessadas em mim”. Esta forma de racionar, estilo “dois pesos e duas medidas”, é um dos grandes empecilhos à verificação da reciprocidade de interesse amoroso. Se julgássemos que as outras pessoas são mais ou menos como nós mesmos – elas também são inibidas para tomar iniciativas amorosas - teríamos muito mais coragem e motivação para mostrar o nosso interesse amoroso para quem nos atrai. Correção dos erros de percepção de um tímido que o impediam de abordar uma mulher Este é o caso real de um rapaz muito vistoso, sociável e resolvido que tinha uma tremenda timidez específica – só era tímido para paquerar - e, principalmente para abordar mulheres em paqueródromos. No restante da sua vida social e profissional este rapaz não era nada tímido. Pelo contrário, era muito desenvolto. Situação: A mulher se encontra em um grupo de amigas e flertou com ele. Crenças: Vou abordá-la, não conheço o protocolo de abordagem (por exemplo, não sei se cumprimento todo mundo, se pergunto primeiro o nome dela, se me apresento, se declaro a minha atração por ela, etc.), acredito que todo mundo conheça este protocolo. Temores: Pode acontecer que: eu fale com ela e ela não responda; que toque no ombro dela e ela não me dê atenção; que o papo com ela não role: (por exemplo, que ela só apresente respostas monossilábicas; que passemos o tempo todo conversando sobre um assunto que não interesse aos dois). - Terapeuta: imagine que você vá a uma empresa para falar com um diretor. Ao chegar lá, você pergunta por ele e alguém aponte para um grupo de pessoas e diga: é aquele lá, de terno preto. Você teria algum problema em se aproximar do grupo, se dirigir ao diretor e se apresentar? - Paciente: não (ele não tem este tipo de timidez) - Terapeuta: imagine que você está em um grupo de amigos. Uma moça muito bonita se aproxima e quer falar com você. Você se importaria muito se: - Ela cumprimentasse ou não todo o mundo? - Se ela perguntasse (ou não) o seu nome em primeiro lugar? - Se ela fosse informal e apenas tentasse puxar conversa? Paciente: Não me importaria com estes detalhes e sim com o fato de uma mulher bonita estar ali querendo falar com ele. O terapeuta ressalta então que o mais importante era o fato da mulher ter tomado a iniciativa de iniciar uma conversa com ele e não os detalhes específicos do como esta conversa foi iniciada. Este mesmo princípio também era válido quando era ele que abordava uma moça.

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