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segunda-feira, 21 de abril de 2014
Assertividade, passividade ou agressividade: como você expressa seus sentimentos e pensamentos?
Assertividade, passividade ou agressividade: como você expressa seus sentimentos e pensamentos?
Ailton Amélio
O grau de atenção e consideração que uma pessoa recebe depende de vários fatores como, por exemplo, seu status social, sua aparência física e o seu estilo de afirmação social. Neste artigo vamos examinar os estilos de afirmação social passivo, agressivo e assertivo.
Estilos de expressão dos sentimentos e pensamentos
Em uma situação social, quando somos contrariados, podemos omitir (passividade), apresentar agressivamente (agressividade), apresentar disfarçadamente (alusões, sarcasmo, tropo comunicacional, lítotes, etc. - mistura de passividade com agressividade) ou apresentar assertivamente (assertividade) aquilo que sentimos e pensamos. Da mesma forma, os nossos estilos de ação quando expressamos os sentimentos e pensamentos positivos também podem ser passivos ou assertivos. Por exemplo, quando gostamos das ações do nosso interlocutor, podemos omitir ou expressar adequadamente a nossa apreciação pela sua forma de agir.
Cada um destes estilos de ação pode ser o mais apropriado dependendo das circunstâncias. No entanto, na ausência de contraindicações, a forma assertiva de agir geralmente é a mais apropriada e a que produz mais resultados.
Passividade
A pessoa passiva omite aquilo que está sentindo e pensando, tanto nas suas comunicações quanto na sua forma de agir. É a “engolidora de sapos”.
Quando age passivamente, uma pessoa se anula e se inutiliza como interlocutora. Esse estilo só é bem vindo quando o outro interlocutor é um falante compulsivo e desrespeitoso que é capaz de falar até com uma mensagem automática de uma secretária eletrônica.
Muitas vezes o passivo não consegue ser assertivo porque teme perder pontos na sua imagem pessoal, ser grosseiro, pressionar ou constranger os seus interlocutores. Na maioria das vezes, a resposta socialmente esperada contém certo grau de passividade cooperativa ou a disfarçada. Uma resposta muita assertiva pode ser menos preferida por ser considerada muito direta ou rude.
Agressividade
Uma ação agressiva é aquela que tem como objetivo, consciente ou inconsciente, provocar ferimento psicológico ou físico no interlocutor.
A agressão pode acontecer de diversas formas: (1) através do conteúdo daquilo que é dito (por exemplo, dizer ou escrever coisas ofensivas), (2) através da comunicação não verbal (por exemplo, apresentar expressões faciais e vocais de raiva, desprezo, nojo, etc.) e (3) através de ações físicas (por exemplo, bater, morder, atirar coisas, agir grosseiramente).
As agressões psicológicas mais graves são as seguintes: fazer acusações à personalidade, mostrar nojo, desprezo pelo interlocutor. A expressão da raiva e críticas dirigidas a comportamentos específicos da outra pessoa são formas mais amenas de expressar agressividade contra ela.
Um dos motivos da agressão é o revide à outra agressão. Neste caso, o agressor segue o ditado “Olho por olho, dente por dente”. A agressão motivada pela raiva geralmente é considerada menos grave do que a agressão que é perpetrada fria e premeditadamente.
Embora a raiva seja um dos principais motivos da agressão, existem outras motivações para esta forma de agir. Por exemplo, o boxeador, o soldado que está travando uma batalha e o assaltante iniciam as suas agressões devido às consequências decorrentes de suas ações e não porque estejam, necessariamente, com raiva do adversário. Outro exemplo, o sádico sente prazer pela dor que provoca nas outras pessoas.
A agressividade muitas vezes é multicausada. Por exemplo, um mesmo ato agressivo pode ser provocado pela forma de agir do interlocutor ou por uma irritação acumulada que foi provocada por outros acontecimentos. Neste último caso, a agressividade e a sua intensidade não podem ser entendidas apenas pelo exame direto da situação que a disparou.
Assertividade
Uma ação assertiva é aquela expressa os sentimentos e os pensamentos do seu autor de forma adequada e na situação adequada.
As principais motivações das nossas comunicações e ações assertivas são aquilo que estamos sentindo e pensando e não os medos de ser rejeitado, de ser considerado inadequado, de perder o respeito das outras pessoas, de estar sendo inconveniente, de estar sendo aturado e não apreciado pelo interlocutor ou de estar usurpando um lugar ou um tempo que não é nosso.
A assertividade também acontece quando uma pessoa não se submete a um interlocutor manipulativo. Quando deseja, a pessoa assertiva limita as revelações de seus sentimentos e pensamentos (não revela só porque o interlocutor deseja que ele faça isso, só revela aquilo que deseja ou só revela na dose que deseja), não se resigna ao papel de ouvinte passivo (inerte) e se recusa a agir de maneira que não concorda só para seguir o desejo do interlocutor.
Assertividade comunicativa verbal e não verbal
A comunicação não verbal é muito importante no exercício da assertividade. Por exemplo, a assertividade é mais intensa e eficaz quando a voz é firme, audível e normalmente pausada; a impressão de firmeza é ampliada quando quem está sendo assertivo orienta a parte dianteira do corpo na direção do interlocutor e o olha diretamente para o seu rosto enquanto fala. A impressão que passa através dessa comunicação não verbal é que a pessoa assertiva está tranquila, segura, quer ser ouvida e não hesita em ocupar o seu espaço psicológico.
Expressões não comunicativas da assertividade
A assertividade pode ser manifestada através da comunicação (por exemplo, dizer firmemente que queremos uma solução rápida para uma reclamação que apresentamos anteriormente) ou através de ações não comunicativas. Por exemplo: uma pessoa diz que não está disposta a continuar uma conversa no tom agressivo que o interlocutor está usando (comunica assertivamente essa disposição). Como o interlocutor continua a usar o tom agressivo, a pessoa se levanta e se retira (a ação de retirar-se é assertiva, mas não é primariamente comunicativa).
Nos desentendimentos, além da assertividade ainda temos a opção de tomarmos medidas fatuais: impor penalidades, despedir, fazer greve, etc. Isto acontece quando as duas partes querem coisas diferentes e não houve acordo através da negociação. Este acordo não ocorre quando (1) o interlocutor está disposto a impor as suas preferências e acha que tem poder para isso, (2) está disposto a usar recursos que a pessoa assertiva não usaria, (3) quando uma pessoa acha não pode pagar o preço de ser assertiva (por exemplo, dizer o que pensa do chefe).
A comunicação apropriada na circunstância apropriada
A pessoa assertiva procura ser polida com o interlocutor. Procura não ofendê-lo ou ameaçá-lo desnecessariamente. Pelo contrário, procura fazer que ele se sinta o melhor possível para as circunstâncias presentes.
Assertividade positiva e a defensiva
As ações assertivas podem ser classificadas em dois grupos: positiva e defensiva. A assertividade positiva consiste na manifestação de coisas boas para o interlocutor. A assertividade negativa consiste em manifestações que limitam, frustram ou contrariam ações do interlocutor que colidem com os sentimentos e pensamentos do assertivo.
O uso da assertividade positiva pode ser tão ou mais difícil do que o uso da defensiva. A maioria das pessoas tem mais dificuldade para reconhecer méritos alheiros e elogiar do que para criticar e se defender.
Assertividade positiva
Uma contribuição muito importante das ações assertivas para os relacionamentos é a manifestação de pensamentos e sentimentos positivos em relação ao interlocutor e às suas ações. Estas manifestações têm a função de estimular a conversa e também influenciam positivamente os relacionamentos. Esse tipo de ação assertiva é um poderoso instrumento de validação do interlocutor. Este tipo de assertividade é sugerido como forma inicial de expressão para aqueles que querem passar a agir mais assertivamente.
Assertividade negativa
Este tipo de assertividade acontece quando estamos desconfortáveis com alguma ação de outras pessoas. A assertividade, neste caso, tem o objetivo de reconstituir nossos direitos, preservar o nosso espaço e deter a ação de pessoas inconvenientes e invasivas.
Existem várias técnicas verbais desenvolvidas para lidar com esses tipos de situações, tais como nevoeiro (não resistir aos argumentos de uma pessoa manipuladora), disco quebrado (repetir aquilo que sente e pensa), afirmação negativa (reconhecer tranquilamente os próprios erros).
Quando não vale a pena justificar os seus atos
Em certas circunstâncias, justificar os próprios comportamentos pode ser visto como um sinal de fraqueza. Isto acontece, principalmente, quando quem justifica não se sente seguro por ter agido daquela forma ou acha que não só tem direito a agir da forma como agiu se tiver outros motivos além da sua vontade.
Muitas pessoas justificam seus comportamentos porque acreditam que devem explicações para qualquer um que lhes pedir satisfações pelos seus atos. A pessoa assertiva não se sente obrigada a justificar. Só justifica quando acha que é isso é benéfico. Ela sente que tem direito de agir como bem entender, contanto que assuma as consequências das suas ações. Se a outra pessoa discordar da sua forma de agir, isto pode ser encarado com tranquilidade. Ela não precisa agradar incondicionalmente a todo mundo.
É natural não ter consciência das próprias motivações
Não se sinta culpado por não saber explicar as razões dos seus comportamentos. Na maioria das vezes, ninguém sabe explicar direito os motivos de suas ações. Não saber por que agimos de uma determinada forma não invalida essa forma de agir. Pelo contrario, a nossa vontade frequentemente é o resumo de uma quantidade enorme de boas motivações inconscientes.
A justificativa tem um inconveniente: ela facilita tentativas de manipulação porque abre espaço para a contra argumentação: quem ouve um argumento pode não aceitá-lo ou levantar novas objeções baseadas naquilo que ouviu. Algumas destas contra argumentações são manipulativas e infindáveis e visam apenas a derrota daquele que continua a se justificar.
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