ORIENTAÇÃO E ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO ON LINE
domingo, 13 de abril de 2014
O seu relacionamento é desvitalizador?
O seu relacionamento é desvitalizador?
Aílton Amélio
Veja como Letícia foi desvitalizada por Felipe
Letícia era muito alegre e expansiva. Tinha muita facilidade em fazer amigos, adorava encontros sociais, ia a muitos shows, estava sempre em festas e participava de muitos happy hours com os colegas da sua firma.
Ai, ela conheceu Felipe. Felipe foi atraído pela vitalidade social de Letícia. No entanto, ele era mais retraído do que ela, muito ciumento e possessivo. Assim que passou aquela fase inicial onde os novos parceiros fazem de tudo para agradar o outro, ele foi manifestando seu desconforto com as amizades e os programas sociais de Letícia. Ficava amuado quando ela dizia que ia sair como com os amigos, odiava quando ela dizia que ia a um happy hour com os colegas de trabalho e fica muito enciumado quando observava que ela estava se divertindo muito durante uma conversa com amigos.
Felipe também não era nutritivo para Letícia. Ele sempre queria ser o cento das atenções. As conversas entre eles tinham que ser sobre os seus assuntos. Era ele quem tomava as principais decisões do casal.
Quando contrariado, ele era muito crítico, atacava a personalidade de Letícia e passava um longo tempo sem falar com ela. Além disso, ele quase nunca elogiava Letícia. Agia assim porque se sentia ameaçado pelo sucesso profissional dela.
Depois de um período de resistência, Letícia foi gradualmente deixando de comparecer a muitos encontros, foi restringindo suas amizades e deixando de comentar sobre suas realizações profissionais. Ela foi se desvitalizando e, por isso, Felipe foi deixando de achá-la interessante e de admirá-la. Agora estava começando a se interessar por outras mulheres.
Pessoas que contribuem para a expansão dos nossos limites psicológicos
Segundo a teoria da expansão do eu, nos apaixonamos por aquela pessoa que tem alguma característica que admiramos e que não temos, (leia mais sobre esta teoria – veja o artigo citado na Nota 1, no final desta postagem). A associação com essa pessoa geraria uma oportunidade para recebermos a sua influência e, assim, desenvolvemos a característica admirada ou, simplesmente, adquirimos essa característica quando formamos uma unidade com a pessoa que a possui.
Algumas pessoas ajudam a expandir os nossos limites psicológicos: quando nos associamos a elas, crescemos e expandimos os nossos horizontes psicológicos: descobrimos que somos mais capazes do que imaginávamos, vamos até onde imaginávamos que não tínhamos condições de ir, progredimos na carreira, aprendemos a aproveitar melhor a vida, diminuímos as nossas inibições, melhoramos a nossa autoestima, ampliamos nossos círculos sociais, etc. Em resumo, nos tornamos pessoas mais evoluídas do éramos antes dessa associação. Quem não se apaixonaria por uma pessoa assim?
Pessoas que contribuem para a retração dos nossos limites psicológicos
A associação com certas pessoas contribui para a retração dos nossos horizontes e provoca um retrocesso no nosso crescimento psicológico. Geralmente evitamos essas pessoas e não nos associamos com elas.
Mas as coisas não são tão simples assim. Geralmente as pessoas não mostram logo como são assim que a conhecemos. Pelo contrário: no início dos relacionamentos as pessoas se esforçam para serem legais, mostram apenas suas melhores qualidades e escondem seus defeitos. Por esses motivos, podemos iniciar um relacionamento com alguém que parecer ser nutritivo para nós e, realmente, no começo do relacionamento tal pessoa é assim. Depois que o relacionamento já está estabelecido e vários tipos de vínculos já foram formados (econômicos, sociais, planos de vida, etc.), essas pessoas mostram como realmente são ou se transformam em pessoas bem diferentes daquelas que incialmente conhecíamos, para melhor ou para pior.
Para ser justo, em muitos casos, não foram os nossos parceiros que mostraram outro jeito de ser ou se transformaram sozinhos assim que o relacionamento se estabilizou. O que acontece muitas vezes é que a combinação das suas características com as nossas ou a ocorrência de fatos graves (falecimentos, doenças, insucesso econômico, sérios problemas psicológicos, etc.) faz que tanto eles como nós mudemos e tais mudanças tornaram a nossa combinação nada nutritiva. Ou seja, ambos os parceiros contribuem para que um relacionamento se torne vitalizador ou desvitalizador.
Pessoas que foram desvitalizadas pelos seus parceiros
Atendo no meu consultório muitas pessoas desvitalizadas. Verdadeiras zumbis ou mortas vivas. São pessoas sem energia, apáticas, que perderam a alegria de viver, que perderam a ousadia, que mais reagem do que agem. Isso faz que elas se tornem pessoas chatas e sem novidade.
Existem muitos motivos para este tipo de desvitalização: doenças físicas (hipotireoidismo, anemia, etc.), doenças psicológicas (depressão, timidez excessiva, baixa autoestima, etc.) e um relacionamento desvitalizador. Este relacionamento pode ter acontecido ou estar acontecendo com os pais, com os amigos e com o parceiro amoroso.
Um estágio mais avançado da desvitalização já aconteceu quando o desvitalizado já não sabe mais o que quer ou o que sente. Quando isso acontece a sua autopercepção já está atrofiada e ele já se rendeu aos desejos do desvitalizador! Neste caso, só um bom trabalho terapêutico para reverter esse estado.
Pessoas frágeis se desvitalizaram sozinhas
A desvitalização de certas pessoas não foi provocada por seus parceiros, mas sim por elas próprias. Essas pessoas já eram muito frágeis quando o relacionamento começou e, por isso, e acabaram se desnutrindo psicologicamente apesar de seus parceiros serem razoavelmente nutritivos. Essas pessoas são exageradamente inseguras e sensíveis à rejeição, precisam de aprovação do parceiro para tudo. Pior ainda, são aquelas pessoas que imaginam as reações negativas que o parceiro poderia ter a tudo que elas fazem ou deixam de fazer. Imaginam e já tentam evitar as ações que supostamente seriam condenadas mesmo antes que o parceiro se manifeste negativamente, o que talvez nunca aconteça. Neste caso, o parceiro não é o desvitalizador, mas sim, as imaginações dessas pessoas frágeis. Estas pessoas só não se desvitalizam gravemente quando encontram parceiros muito maternais que vivem sempre tentando colocá-las para cima.
Você está em um relacionamento desvitalizador? Você é desvitalizador para o seu parceiro? Procure a ajuda de um psicólogo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário